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Matéria Publica na Revista Foco América

Em 25 de outubro, por Carlo Barbieri

Os Estados Unidos são o país que mais importa produtos manufaturados e semielaborados do Brasil. Aliás, o comércio exterior brasileiro sempre foi assim.

Não fosse a obstinação do Governo dos Presidentes Lula e Dilma para fazerem com que o Brasil voltasse a ser um produtor e exportador de matérias primas e de desaquecer nossas relações comerciais com os EUA, seguramente teríamos uma pauta exportadora de manufaturados e semielaborado que geram empregos e salários de maior valor e utilizam nossa matéria prima para sua transformação bem mais avançada.

Estes produtos compõem cerca de 75% da nossa pauta exportadora para o país, sendo que 16% somente em maquinários mecânicos, o que é um grande estímulo para nossos produtores.

Outros produtos são importantes na diversificação da pauta de comércio exterior. Café, mate e outros alimentos representaram 4,4% das exportações, assim como madeira e pastas de madeira que, somados, tangenciam 8% de exportações para os vizinhos do Norte.

No ano de 2016 chegamos a um saudável equilíbrio nas relações comerciais, que somadas as importações e exportações, atingiram em $46,96 bilhões. Porem este comércio segue ainda sendo decrescente.

Hoje, mesmo com o crescimento havido, representam os EUA 14,55% de nosso comercio exterior, que já foi 25%.

Temos que nos concentrar em exportação de produtos que tenham maior valor agregado, sem desprezarmos as commodities, mas entendendo que elas têm seu valor regulado pelos compradores e não pelo país produtor.

A mudança do comércio exterior no Brasil foi significativa nas últimas décadas. Até os anos 60, as principais exportações eram de produtos primários, como o café, que no início do século era responsável por 70% de toda a exportação do país, mas ao longo dos anos as portas se abriram para outros produtos com o fumo, cacau, açúcar, algodão, carnes e minérios.

Esta tendência foi frustrada na década e meia partir de 2002 mas, espera-se, que reaja.

Com a economia mais complexa e diversificada, o Brasil está exportando de A a Z, o que significa que produtos industrializados, de aviões a produtos de ferro e aço, deverão cada vez ganhar mais espaço.

Abaixo poderemos analisar através dos números os produtos exportados pelo Brasil:

foco américa comércio exterior negócios estados unidos

Fonte  https://investexportbrasil.dpr.gov.br/arquivos/IndicadoresEconomicos/web/pdf/INDEstadosUnidos.pdf

O comércio entre os dois países cresceu 18% somente no primeiro semestre deste ano. A eliminação das dificuldades e obstáculos aos negócios é o principal foco das relações comerciais, mesmo porque, não há um acordo de livre comércio, que deveríamos perseguir ao invés de refutar.

Os EUA estão tendo sua economia fortalecida. Cerca de um trilhão de dólares foram agregados ao seu “valor” desde fevereiro deste ano.

O “ideologismo” não deveria ter tido preferência sobre o pragmatismo.

Com a reformulação da política de acordos comerciais multilaterais para bilaterais, grandes oportunidades estão à disposição do Brasil. México, China e outros grandes “provedores” deverão perder suas preferências e cabe ao Brasil aproveitar e ocupar este espaço.

Podemos perceber que as portas estão abertas nos EUA e há espaços a serem preenchidos pelas empresas brasileiras interessadas em comercializar seus produtos e até mesmo abrir seu negócio aqui.

Se nossos custos internos, o famoso custo Brasil, estão tirando, em parte, nossa competitividade, há sempre a opção de iniciar o processo de produção nos EUA. Pequenas, médias e grandes empresas estão mudando sua produção para os EUA, com baixa do custo final de produção e adquirindo, com isto, competitividade em termos mundiais.