Carlo Barbieri –
Advogado e Economista
Presidente do Oxford Group
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Quando Jim Vicary fez suas primeiras experiências de mensagem subliminar, nos idos de 1956, colocando em 0,003 segundos a mensagem “beba Coca-Cola” e posteriormente repetiu as mesmas experiências, com mensagens relativas à pipoca, fazendo com que o aumento do consumo desses produtos fosse da ordem de 60%, surgiu uma nova corrida para saber como se podia influenciar o consumidor, pois os olhos humanos só “veem” o que leva mais de 0,02 segundos, mas o subconsciente recebeu a mensagem nos 0,003 segundos e processou, sem chance de reflexão ou decisão consciente do consumidor.

Hoje, este tipo de ação está proibida em países como os EUA, mas não no Brasil, embora o Código de Defesa do Consumidor tangencie a questão ao impor que o consumidor tem que saber quando está exposto a uma propaganda. Bom, se isto fosse levado a sério, não haveria “merchandise” em novelas.

As propagandas políticas, com fundo de batidas do coração, e outros “truques” bem demonstram o que acontece.
O que importa é que, há quase seis décadas o consciente e inconsciente do consumidor passou a ser alvo de estudos, dos mais profundos, para saber como influenciar suas decisões de consumo (pelo menos).

O filme “O que as mulheres querem”, que foi aos cinemas no ano 2000, dirigido por Nancy Meyers e estrelado por Mel Gibson e Helen Hunt, demonstra de forma cabal que aquele que conhecer a vontade do consumidor será vitorioso na conquista do mercado.

No inicio desta década, surgiu com força a neurociência aplicada ao marketing, com o famoso estudo feito em 2004 para saber o porque dos consumidores preferirem a Coca Cola ao invés da Pepsi.

Hoje, vemos a entrada da neurociência, na área do marketing, sem nenhuma regulamentação, de forma avassaladora.
De vez em quando nos deparamos com “voluntários” até mesmo em supermercados, com fios na cabeça, medidores de suor ou outras parafernálias grudadas ao corpo para que todas suas reações conscientes e inconscientes sejam devidamente registradas e o neurocientista extraia os dados para orientar o departamento de marketing do seu contratante da forma que devem agir para que o consumidor adquira o seu produto ou serviço.

Silvia Quintanilha, vice-presidente de atendimento da Millward Brown Brasil, empresa especializada no uso da neurociência em marketing, afirma: “Com as ferramentas da neurociência, a análise das preferências do consumidor é muito mais contundente”

Claudia Matos, em matéria publicada na “Folha de São Paulo”, coloca: “Desvendar as preferências do consumidor é o desafio de marcas no mundo todo.

O que pensam e sentem compradores em potencial em relação a produtos, logotipos e propagandas?

A resposta pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso de um lançamento. Mas não é fácil chegar a ela”, conclui.
Martin Lindstrom, considerado um dos 100 homens mais influentes do mundo, em 2009, pela revista “Times”, coloca as seguintes questões sobre Marketing e Neurociência:

O marketing e a neurociência: estratégias revolucionárias para vender mais e melhor.

• Estudos sobre o cérebro de consumidores revelaram que tudo o que acreditávamos sobre o ato de comprar está errado.

• As últimas descobertas da neurociência rompem com todos os dogmas do marketing das últimas décadas.

• As extraordinárias técnicas de neuromarketing.

• Como prever o sucesso de uma marca antes que ela seja lançada.

• Nossas decisões de compra são tomadas em um nível tão profundo da mente que não temos consciência delas.

• Os principais erros que as empresas cometem e que resultam em bilhões de dólares desperdiçados todos os anos.

• O próximo grande lance: microbranding.

Por outro lado, se quisermos usar da internet para promover o nosso produto, qualquer empresa do setor nos colocará em exposição com exatamente as pessoas que podem ser nossos consumidores, pois sabem por um cruzamento de dados quem gosta e consome o que.

Como podemos ver, o consumidor é “condenado” a consumir o que as técnicas de marketing lhe colocam na cabeça. Com tudo isso, está claro que, como consumidores, somos “estuprados” a cada segundo de nossas vidas pela força do marketing.

E os profissionais da área, o que estão fazendo, sob o ponto de vista ético para verdadeiramente convencer seus consumidores à compra, baseados apenas na qualidade e eficiência de seus produtos e serviços?

Não deveriam as técnicas acima expostas e discutidas ser mais claramente exibidas e informadas ao consumidor, assim propiciando uma melhor avaliação do que compra?

Vale refletir sobre o tema.

Fonte:GAZETANEWS.COM