O acaso americano?

Desde a universidade tenho ouvido falar de que os EUA seriam o império mais curto e mais burro da história.

Após alguns anos, particularmente em momentos de crise, vemos esta questão voltar à tona.

Com a ascensão do Rei Obama, as forças mais liberais diziam que seria a última chance de vermos os EUA recuperarem, por algum tempo, a liderança e respeito mundial.

Na verdade estes clichês públicos pecam ou por má fé ou por absoluta ignorância.

Sem dúvida os EUA estão passando por uma grande crise, como já aconteceu nos anos trinta e oitenta, mas isto não é e não será o fim do mundo.

Se grandes acidentes não ocorrerem, os EUA serão a potencia mundial do século XXI. O que ocorre é que os EUA ainda estão em sua puberdade política, com pouca experiência no trato internacional.

Não há nem haverá nação no mundo que possa desafiar os EUA em curto ou médio prazo.

Com pleno controle de todos os mares e oceanos, com costas para o Atlântico e Pacífico, com um PIB equivalente a ¼ de todo o mundo ($14 trilhões contra $54 trilhões dos demais países) e que representa três vezes mais do que a segunda maior economia do mundo (Japão com U$4.4 trilhões), é ainda,  maior do que a economias das 4 maiores economias do mundo, depois da sua.

Com uma democracia estável e instituições fortes, dificilmente haverá algum país ou grupo de países que poderão desafiar os EUA neste século, ou pelo menos nestes próximos 50 anos.

Mesmo com a exportação de empregos e indústria, em particular para a China, os EUA ainda têm uma produção industrial equivalente ao dobro das do Japão e China em conjunto.

Apesar de sua população de mais de trezentos milhões de habitantes, os EUA tem um dos menores coeficientes de habitantes por área quadrada disponível (34, mesmo se colocando Alaska) contra outros países como a Alemanha com 230 ou o Japão com 334.

Se levarmos em conta a área agricultável, os EUA têm o dobro do que a Europa, por habitante e cinco vezes mais do que a China.

Com o maior orçamento de defesa do mundo (cerca de 50% do total) os EUA têm o poder de manter-se em guerra, com vários países ao mesmo tempo e têm a vantagem de poder invadir qualquer país em qualquer lugar, mas por suas características geopolíticas, não pode ser invadido.

Tudo isto sem falar em suas reservas naturais de petróleo, gás e de outros minerais.

Ora, dizer que estamos vendo o fim dos EUA é uma grande tolice, mas que é visto internamente  tanto por conservadores religiosos, que vem o afastamento de Deus por parte do país, como por parte dos ecos- histéricos que vem a destruição da natureza, como verdadeira.

Longe de nós discordarmos destas afirmações, mas longe de nós também, colocar estas premissas como sendo  o “começo do fim”.

Ao contrario, se o estabelecimento do poder americano iniciou-se com o fim da União Soviética, ele ainda esta na longe de sua maturidade.

Quais porém são os grandes desafios deste país?

Primeiramente, seu despreparo para lidar com as civilizações mais culturalmente preparadas para este embate entre nações, como as asiáticas e européias.

Em segundo lugar, manter-se no comando da América do Norte, onde enfrentará desafios em médio prazo.

Em terceiro, achar um acerto para a imigração para o país, pois ela sempre foi a grande forca de seu desenvolvimento material e intelectual e agora está sendo marginalizada. Levemos em conta que, em menos de duas décadas os países desenvolvidos, inclusive os EUA estarão tendo que pagar para atrair imigrantes em face da diminuição de sua população.

Carlo Barbieri é gestor do São Paulo Business Center, presidente do Brazilian Business Bureau e presidente da Oxford Group.

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