Segundo o Departamento de Alfândegas, mesmo com a pandemia as exportações de suínos cresceram de Santa Catarina. O destino foi a China, maior consumidor de carne suína do mundo. Economista e analista político que atua nos EUA há mais de 30 anos acredita no potencial do estado para alavancar comércio exterior brasileiro.

Somente em março deste ano foram embarcadas 37 mil toneladas em Santa Catarina, com faturamento de US$ 85 milhões. China e Hong Kong representam 68% desse volume. As exportações para a China cresceram 117%. De acordo com a Associação Catarinense de Avicultura, o volume não foi maior porque três plantas frigoríficas não foram habilitadas devido à paralisação das inspeções, por conta do coronavírus.

De acordo com o Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola Cepa/Epagri isso representa um aumento de 14% em volume e 36,7% em faturamento, em relação a março do ano passado. As plantas frigoríficas que exportam para a China estão trabalhando no limite. O órgão prevê continuidade da demanda chinesa.

Paulatinamente as atividades econômicas na China estão voltado a normalidade, após o término do pico da Covid-19 no país. A perspectiva é de que a demanda chinesa continue crescendo nos próximos meses. Esse cenário é de grande relevância para a suinocultura brasileira e catarinense, uma vez que tende a demanda de carne deve sofrer os efeitos da crise influenciados pela alta nos preços do milho, o que eleva significativamente os custos de produção.
Para o economista Carlo Barbieri, considerando os possíveis cenários após a pandemia do Covid-19 o estado de Santa Catarina terá protagonismo no comércio exterior brasileiro se manter os Estados Unidos e a China no seu quadro exportador principal.

As facilidades fiscais do estado o deixam entre os 10 principais estados exportadores brasileiros. O estado teve uma alta de quase 56% das exportações de carnes (principal produto exportado pelo estado) no primeiro semestre de 2019 em comparação ao ano anterior.

Mesmo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgando uma estimativa de como a pandemia deve impactar exportações em, pelo menos, R$18,6 bilhões, para o economista, se Santa Catarina aplicar estratégia visionária neste momento, poderá se beneficiar no comércio exterior e na exportação de seus produtos.

“Com relação ao comércio exterior o estado de Santa Catarina deve se preparar para continuar exportando à China e aos EUA, países que estão fora da curva das perdas mundiais no comércio internacional e devem recuperar suas economias mais rapidamente”, avalia o analista político Carlo Barbieri.

A crise é mais uma grande oportunidade para o Brasil, destaca o economista. “As grandes empresas internacionais que produzem na China estão procurando ou berço para suas atividades industriais e o Brasil pode atrair boa parte delas para fincarem âncoras no país,” afirma Barbieri.

Segundo estado mais competitivo do Brasil

Em 2019, Santa Catarina foi o segundo estado brasileiro com a melhor avaliação no Ranking de Competitividade dos Estados. Pelo terceiro ano consecutivo, SC ocupa a segunda posição, atrás apenas de São Paulo. No ano passado um dos destaques de Santa Catarina foi a Segurança Pública com a avaliação máxima (100) neste quesito.

Também manteve o melhor desempenho do país em Sustentabilidade Social, que engloba indicadores de mortalidade infantil e materna, IDH, desigualdade de renda, entre outros. SC apresentou a maior pontuação (100), praticamente o dobro do desempenho brasileiro (51,5).

Agronegócio Estável

A previsão do economista pode estar correta. As exportações do agronegócio brasileiro em março deste ano não foram afetadas negativamente pela pandemia do novo coronavírus, de acordo com o Ministério da Agricultura. As exportações do agronegócio alcançaram US$ 9,2 bilhões em março, anunciou o ministério. Soja em grãos, carne bovina in natura e açúcar puxaram as vendas externas. China foi responsável por 41% das compras.

As vendas externas no mês de março deste ano foram de US$ 9,29 bilhões, com expansão de 13,3% em relação a março do ano anterior (US$ 8,20 bilhões), crescimento em valores absolutos de US$ 1,09 bilhão. As exportações do agronegócio subiram em função do aumento da quantidade exportada (18,8%). Já o índice de preço dos produtos exportados caiu 4,7%, de acordo com a Balança Comercial do Agronegócio, elaborada pela Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI) do ministério.

Os três produtos responsáveis pelo incremento das exportações do agronegócio foram soja em grão (US$ 3,98 bilhões), açúcar (US$ 441 milhões) e carne bovina in natura (US$ 555 milhões). A participação da China nas exportações do setor passou de 34,2% (março/2019) para 41% (março/2020).

*Carlo Barbieri é analista político e economista. Com mais de 30 anos de experiência nos Estados Unidos, é Presidente do Grupo Oxford, a maior empresa de consultoria brasileira nos EUA. Consultor, jornalista, analista político, palestrante e educador. Formado em Economia e Direito com mais de 60 cursos de especialização no Brasil e no exterior. oxfordusa.com/