Na sequencia de palestras realizadas durante o Focus Brasil, em Fort Lauderdale, chamou atenção a apresentação do festejado economista Luiz Perlingeiro.

Com muita habilidade, o conferencista colocou o tema de “desafios”, o que de fato são as diversas facetas da realidade brasileira.

Perlingeiro destaca seis grandes “desafios”:

  • Carga Tributaria;
  • Custo de Capital;
  • Infraestrutura;
  • Burocracia;
  • Educação;
  • Insegurança Jurídica.

É desesperante para qualquer brasileiro bem intencionado, ver o quadro de nossa realidade, onde nos damos conta de que a divida publica, para manter os detentores do poder no Palácio do Planalto, aumentou de tal maneira nestes últimos 10 anos, fazendo com que 45,05% de nosso Orçamento da União tenha que ser usado para o pagamento juros e amortização desta divida, outros 22,01%, para a Previdência Social (leia-se 85% para arcar com a aposentadoria de funcionários públicos).

Menos de 3% sobra para educação, e 0,01% para saneamento básico!

Apesar da necessária baixa dos juros, o que a imprensa destaca de sucesso, esta longe de refletir-se nas atividades produtivas. Ainda hoje o desconto de Notas promissórias custa 58% ao ano, o de duplicatas, 40,9% AA, a conta garantia 109,1% e o cheque especial 185,9%.

O importante a destacar-se é que estas taxas sufocantes advêm de um sistema jurídico que, ao ser imperfeito, protege ao mal pagador, aumentando o risco do agente emprestador, da alta carga tributaria e o recolhimento compulsório para ajudar as finanças publica.

Outro fator desalentador para os que prezam um pais realmente sóbrio e com futuro, esta na balança de pagamentos. Estamos literalmente queimando os capitais que se destinam ao Brasil para fins produtivos, ou mesmo os de investimento, para arcar com uma improdutiva reserva externa (para fins de propaganda), e um dólar artificialmente baixo para agradar a classe media e conter a inflação.

Esta distorção acabou por levar o Brasil a voltar ao inicio de século passado, sendo um grande exportador de commodities, que hoje representam 44,58% de nossas exportações e os semi-manufaturados, 13,97%. Por outro lado, os produtos manufaturados caíram para apenas 31,02% de nossas exportações. Que retrocesso.

Desta forma o governo conseguiu seu desejo ideológico de que os EUA deixassem de ser nosso maior parceiro comercial, elevando a China a esta posição. O ridículo desta situação é que agora os EUA, que eram nossos grandes clientes na exportação de manufaturados, passassem a serem superavitários na balança, nos mandando produtos industriais. E, continuamos a ter uma pífia participação de 1,6% no comercio mundial, ocupando o modesto 21º lugar.

Por ultimo, mas não menos importante, a necessidade de expansão de credito, numa forma eleitoreira e irresponsável, tem já trazido à tona a superfície do iceberg. Estamos com 19,9% (janeiro de 2012) de inadimplência e 6,9%, na mesma data, daqueles que não vão definitivamente poder pagar seus debitos.

Segundo a Confederação Nacional do Comercio, 21,3% das famílias que ganham menos do que 10 salários mínimo tem contas em atraso e 11,4% das famílias que ganham mais de 10 salários mínimos estão também em atraso.

Como vemos estamos vivendo uma farsa, que nos trará ônus desagradáveis em longo prazo.

Carlos Barbieri