Estou seguro de os leitores tem acompanhado há muitos anos a gradativa mudança da forma de governo do Brasil, de democracia para um absolutismo.

Com uma habilidade de fazer inveja a Maquiavel, o ex, atual e futuro Príncipe foi conduzindo um processo que abrangia os três poderes da republica para fazê-los todos dependentes do Príncipe (inimputável) .

Os órgãos de Estado, como Receita e Policia Federal, foram transformados em maquinas políticas a serviço do Príncipe.

O Legislativo foi comprado por trinta dinheiros, de forma aberta, como pudemos acompanhar no mensalão e, recentemente, o Judiciário, através da sua mais alta corte colocou-se de cócoras, abrindo mão de sua responsabilidade constitucional.

Na verdade não causou surpresa, pois nós mesmos há anos estamos advertindo para o fato do Príncipe (inimputável) estar com o auxilio de seu despudorado ex-ministro da justiça, traçando o futuro do Supremo com a indicação de pessoas que seriam fieis a eles e não `a dignidade e  responsabilidade da corte.

Hoje apenas 2 não foram os indicados pelo déspota.

O que restou ao país? Não temos uma oposição. O que deveria ser está  perdida, cooptada, sem armas nem mensagem.

Com o centralismo econômico, iniciado ainda nos governos militares, os prefeitos e governadores tornaram-se pedintes e como tal não tem poder real.

Vivem das migalhas que lhes atira o poder central.

Em Roma se elegia um Ditador para lidar, temporariamente, com uma grave crise ou ameaça. No Brasil se elegeu um presidente que recebeu um país na melhor situação econômica desde os governos militares, para, com o dinheiro publico, comprar e corromper o suficiente para tornar-se um chefe autoritário em caráter permanente.

Acontece que, por mais despótico que seja o indivíduo, por venal que seja a mídia, por mais interesseiros que sejam os empresários, sabemos que seu prestigio, será mantido na medida em que tenha pão e circo para dar ao seu povo.

O Brasil foi reduzido a um exportador de commodities, tendo seu parque industrial sido levado a ser um reles fornecedor para o mercado interno.

E se os preços das commodities caírem?  Se a economia mundial realmente passar por um período maior de estagnação? Se o “rate” for rebaixado por que a divida interna já saiu do controle e as contas publicas não param de demandar mais recursos?

Os que leram as ultimas analises do “ Financial Times”, os últimos artigos no “ The Economist” se inteiraram de que o capital especulativo que vem abastecendo as “ reservas” do Brasil já sabem que o risco aumentou, e muito.

Mas, também sabem, que o governo precisa manter o dólar baixo para controlar a inflação e que não há espírito publico  para diminuir a farra das despesas publicas, pois este “ prestigio” foi comprado a peso de ouro com a  distribuição de benefícios, nem sempre justos, nem sempre viáveis, mas, infelizmente de cancelamento impossível.

Na palavras Gustave Le Bon um ditador não passa de uma ficção. Na verdade, o seu poder dissemina-se entre numerosos subditadores anónimos e irresponsáveis cuja tirania e corrupção não tardam a tornar-se insuportáveis.

Infelizmente, tem havido dinheiro publico suficiente para que a população, os empresários e a classe política sigam fazendo vista grossa a esta realidade.

Por outro lado, lembremos que nosso tirano ao igual que todos os outros governa (na verdade segue governando)  conforme lhe apraz exigindo obediência passiva aos que lhe são dependentes e não tolera que a sua vontade seja contraditada.

Quem sabe a solução esteja mais na briga pelo botim do que numa oposição consciente.

A única constatação porem, é que o absolutismo ganha espaço em nosso país.

Artigo publicado na Revista Banco Hoje junho/julho

Carlo Barbieri

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