Hillary Clinton & Donald Trump Eleições EUA 2016
Análise da política e eleições americanas
Tradução do artigo “Left is New ‘Moderate’ for Democrats; Republicans Keep to Center”
Publicado em 26/07/2016 – Boca Raton Tribune
Por Carlo Barbieri
Quando o Presidente Obama se candidatou pela primeira vez ao cargo de presidente em 2008, prometeu que iria mudar os Estados Unidos.
E mudou. Muitos americanos acham que ele piorou as coisas. E os que não concordam que piorou, admitem que fez pouco para tornar a nação melhor.
Mas fez algo, durante seu mandato de sete anos e pouco, que realmente afetou a política. Continuou a buscar um maior liberalismo (no Brasil – socialismo) dentro do partido democrata, liberalismo iniciado durante a gestão de Bill Clinton e que se manteve durante as campanhas de Al Gore e John Kerry a presidência.
De fato, Barack Obama tende mais para a esquerda do que Bill Clinton, que por sua vez era mais da esquerda que John F. Kennedy. Muitos que atualmente acompanham a política acreditam que Kennedy e os democratas daquela era estariam chocados e consternados com a imprudência do partido.
Do lado republicano, houve uma mudança radical na política. A diversidade impera. O número de afiliados ao partido republicano (GOP – Grand Old Party) que preferem ser chamados de ‘conservadores” aumentou, assim como as legiões que apoiam o movimento Tea Party (ala ultraconservadora da direita americana). O aumento da presença de pessoas como Ted Cruz no Senado americano fortaleceu a ala conservadora, mas sua falta de habilidade em conseguir apoio firme de seus colegas no Senado, limitou o êxito de sua campanha. E o seu discurso durante a Convenção Nacional Republicana, quando recusou endossar Trump, acabou se tornando um estranho dentro do GOP.
Entretanto, Cruz travou uma intensa batalha para tentar a nomeação a candidato à presidência do GOP e foi resistindo enquanto outros candidatos desistiam, um a um, da corrida presidencial, até quando ele e o provável presidenciável Donald Trump ficaram praticamente sozinhos na corrida presidencial do partido. Mas na convenção, o texano pôs tudo a perder.
Trump considera-se um conservador, mas chegou a essa conclusão um pouco tarde. Nem sempre adotou uma forte postura conservadora, embora seja empreendedor e empresário de grande sucesso e poderia, presumivelmente, não apenas aceitar o caminho dos republicanos como também do conservadorismo.
Durante os 13 meses como candidato presidencial, Trump precisou lidar com forças externas que o empurravam em sentido contrário à sua reivindicação de posicionamento conservador. Esteve em conflito com Cruz e os outros que buscavam a aceitação GOP para a presidência. Também precisou lidar com os simpatizantes do candidato democrata/socialista Bernie Sanders, que despertou um interesse especial junto a Geração X, aos jovens eleitores e aos liberais que perseguiram a candidata democrata adversaria, Hillary Clinton, durante toda a campanha. Mas trouxe também consternação a Trump, que obviamente sabia que Sanders, a personificação do socialismo, estava sendo aceito favoravelmente por potenciais eleitores.
Trump resistiu aos que queriam que ele se inclinasse mais para a direita, como se para equilibrar o discurso ultraliberal dos democratas. Corretamente concluiu que o interesse em Sanders está em nada tangível, mas em seu discurso retorico esquerdista que promete um monte de coisas gratuitas aos esbanjadores democratas – ensino superior e planos de saúde gratuitos e a continuidade de uma política assistencialista.
O candidato Trump não se incomodou com esses absurdos. Por ser um empresário de mérito próprio, sabe que a nação não poderá ser forte de novo a não ser que os homens e mulheres aprendam a se impor e se tornarem bem-sucedidos. Tem o apoio do Governador Chris Christie, de Nova Jersey, um republicano bem-sucedido em um estado cheio de democratas. Trouxe um governador com popularidade, Mike Pence do estado de Indiana, como seu candidato a vice-presidente. Também vem bajulando Newt Gingrich, ex-presidente da Câmara dos Deputados dos Estado Unidos, conhecido não apenas pela sua perspicácia política, mas por sua habilidade em conseguir acordos com o partido democrata.
Com Pence na equipe, Trump terá que se distanciar, mesmo que apenas um pouco, de seu posicionamento conservador e tomar uma posição política mais moderada. Para chamar a atenção em uma nação onde muitos querem galgar cegamente pelo caminho do liberalismo, Trump talvez precise “dar um passo mais para o meio” se tiver esperanças de mudar-se para a Casa Branca, em janeiro próximo.
Será que a Hillary ira desviar-se do rumo esquerdista? Provavelmente não. Neste ano, contrário a 2008, não haverá Barack Obama no caminho de sua corrida presidencial. Na verdade, Obama está apoiando sua candidatura e fazendo campanha com Clinton, até dando carona no avião presidencial (a um custo de US$1 milhão ao bolso do contribuinte). Mera coincidência e, apesar de declarações contrárias, acontecendo no mesmo dia em que o diretor do FBI, James Comey, anunciou em discurso de 15 minutos que não fariam acusações criminais contra Hillary pelo uso negligente de um servidor pessoal, durante seu mandato como secretaria de Estado (os primeiros 13 minutos do discurso pareciam preceder uma acusação formal, mas ele mudou a decisão em uma virada radical no final do discurso).
A agenda de Hillary está ganhando força, agradando mais os liberais do que atacando Trump. Continuará insistindo em assuntos liberais como casamentos entre o mesmo sexo, direitos da comunidade LGBT, mudanças climáticas e controle de armas – um tópico constante após assassinatos de policiais em Dallas e Fort Myers e da carnificina em Orlando.
Para Trump, o caminho à vista poderá ser difícil. Mas ele tem a motivação e apoio para realizar a tarefa – mesmo que tenha que caminhar em direção a uma postura mais moderada.
Embora muitos concordem com o que Hillary diz, sua eleição representará mais quatro anos de comprometimento com o “politicamente correto” que tem gerado muita injustiça e insegurança na ordem pública e queda do poder americano.
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