Publicado na revista Mercado Comum
Edição Digital 243 – Dezembro 2013 / Janeiro 2014
por Carlo Barbieri
São poucos os países onde se pode notar de forma tão explícita o enorme custo da demagogia e dos rompantes socialistas como nos EUA.
Sendo um país em que há um respeito enorme pela autonomia dos Estados membros, verifica-se nesta recente crise a diferença entre a liberdade de iniciativa e o intervencionismo governamental, os ônus da demagogia e a tentativa de implantação de um socialismo que canibaliza recursos produtivos para servir manjares à burocracia governamental.
Tomemos a Flórida como exemplo. Seguramente foi um dos estados mais atingidos pela crise. Nenhum furacão foi tão devastador para este Estado como a crise de 2008, em particular no setor imobiliário.
Milhões de empregos foram ceifados. Os preços dos imóveis despencaram, em certos casos, à metade do custo de construção. Este fato, aliado à perseguição dos indocumentados, que não podiam nem dirigir mais, levou milhares a retornarem ao seu país de origem, como nos casos dos brasileiros, dos quais mais de 100.000 retornaram ao país tropical.
As ruas ficaram desertas e as igrejas tiveram que passar a servir refeições para os que não tinham nem mais onde morar.
Vejamos por outro lado Detroit, o diamante das cidades americanas. Já em 1950, tinha um milhão e oitocentos mil habitantes, uma das mais altas rendas per capita do país. Hoje, Detroit está legalmente em concordata, não pode pagar os seus débitos. Tem menos de 700.000 habitantes e mais de 20% de desemprego. Lá, só 10% dos crimes são resolvidos e a renda per capita é um terço da americana.
Atualmente, o serviço de emergência tem levado em média 58 minutos para ser atendido. Há 78.000 edifícios abandonados e cerca de 12.000 incêndios por ano!
Esta cidade recebeu bilhões de dólares do governo federal após a crise para a indústria automobilística local salvar e criar empregos. Mas, a taxa de desemprego continuou subindo.
De outro lado, a roubalheira dos prefeitos deixou o caixa das prefeituras zerado e a dívida beirando U$ 20 bilhões. Os fundos de pensão, de aposentadoria, de saúde, de vida, dos funcionários públicos são os grandes responsáveis, além da corrupção, por esta situação. As grandes fábricas deixaram gradativamente a cidade por não poderem ser produtivas e rentáveis com o custo imposto pelos sindicatos. Das indústrias automobilísticas só a GM ainda está por lá.
Definitivamente a experiência socialista, trabalhista, o domínio demagógico da condução política por uma etnia e a corrupção endêmica destruíram a cidade e não deram nenhuma base para sua recuperação.
Voltemos à Florida. Após o choque ela floresceu novamente. A construção civil está aquecida novamente. Os valores dos imóveis em crescimento beirando a dois dígitos a cada ano. Mas, a política pró emprego não atinge apenas a parte imobiliária.
Vejamos o resultado de um Estado onde não há férias remuneradas obrigatórias, não há punição por demissão com ou sem causa, não tem 13º salário, não tem imposto de renda estadual para pessoas físicas, tem profundo respeito pela propriedade privada e os proprietários têm os seus bens protegidos. Na Flórida, a invasão simples da propriedade confere o direito de se atirar no invasor sem que a polícia sequer possa abrir um processo.
Existem 24.500 empresas dedicadas a alta tecnologia, gerando cerca de 300.000 empregos para pessoas altamente qualificadas. Esta liberdade de contratação fez da Flórida o 3º maior Estado Americano em emprego em tecnologia de ponta, também o terceiro em exportação de bens e serviços de alta tecnologia.
Setores da chamada “nova economia”, como Aviação e Aeroespacial, Tecnologia de Informação, Tecnologia da informação, Tecnologia de Treinamento, Simulação e Modelagem, Ciências Naturais e Segurança e Defesa Domésticas tem encontrado na Flórida seu habitat natural.
Este ambiente de liberdade de iniciativa fez com que a Flórida sedie o segundo “Centro Nacional de Empreendedorismo”. Os incentivos do governo são voltados significativamente para a criação de empregos, investimento e treinamento.
A burocracia pública, e não os empregos, é ceifada a cada dia. Os licenciamentos são agilizados. Com isto, a Flórida se tornou a 4ª maior economia dos EUA (no próximo ano deve ser a terceira) e a maior recebedora de migração interna do país.
A grande verdade está em que a demagogia, a “segurança do emprego”, as iniciativas que levaram Michigan ter uma experiência da república sindical e do socialismo americano fracassaram e engessaram sua economia, impedindo-a de reagir às crises.
Mais do que isto, foram levando a classe média a fugir da cidade de Detroit, as indústria a procurar outros pontos no território americano ou até fora dele, onde pudessem respirar livremente sem o sufoco da demagogia social trabalhista.
Por mais que o atual presidente, que se considera “rei coroado”, não queira, a força da economia americana está no respeito e apoio a livre iniciativa e não no socialismo demagógico.