Fim das gigantescas filas da imigração

Publicado no SHARE TV Record Magazine – 2016

By Duda Miranda

Artigo Global Entry

O Brasil vai integrar, no primeiro semestre deste ano, o programa Global Entry. Este foi desenvolvido pelo governo norte-americano para agilizar a entrada no país de viajantes que se encaixem no perfil ‘travel safe’. Saiba como funciona e quem pode aderir a esta plataforma.*(veja nota no final do artigo)

 

Viajar aos Estados Unidos faz parte do plano de milhares de famílias brasileiras que sonham em conhecer os parques da Disney, as charmosas praias de Miami, a agitação de Nova Iorque, entre outras atrações espalhadas pela terra do ‘Tio Sam’.

 

Mas a alta do dólar vem interferindo, e muito, no planejamento desses turistas, que atualmente estão optando por viajar para países vizinhos, como a Argentina ou o Chile.

 

Mas enquanto os turistas têm a liberdade de decidir para onde vão, muitos empresários não podem evitar as viagens frequentes entre o Brasil e os Estados Unidos, sendo obrigados a enfrentar filas gigantescas para apresentar documentos e responder a várias perguntas, como: “Quantos dias pretende ficar?”, “Onde vai se hospedar?” ou “Quantos dólares está trazendo?”.

 

Esse é o caso do empresário Marcos Ragi, que trabalha para uma empresa brasileira e faz diversos negócios com companhias americanas, viajando de São Paulo para Miami e Orlando com frequência. Em sua última viagem aos EUA, Ragi foi questionado sobre o motivo de sua terceira entrada no país em menos de cinco meses. Ele respondeu que o objetivo era visitar um cliente, mas o funcionário da imigração não se convenceu e o direcionou para a famosa e temida ‘salinha’.

 

O empresário conta que ficou mais de duas horas respondendo basicamente às mesmas perguntas. “Foi uma experiência cansativa, me senti pressionado, mas procurei me tranquilizar. Afinal, eu não estava cometendo nenhum crime. Minha meta para 2016 é fazer a inscrição no programa Global Entry e evitar esse tipo de situação.”

 

Marcos Ragi refere-se ao programa desenvolvido pelo governo para agilizar a entrada de viajantes ‘travel safe’ ou seja, pessoas que não apresentam perigo ao país. Atualmente, seis países fazem parte do Global Entry: Alemanha, Holanda, Panamá, Coreia do Sul, México e Canadá. No primeiro semester deste ano, o Brasil será o próximo país a aderir, depois de quatro anos de negociações com o Governo norte-americano.

 

O Global Entry já está disponível em mais de quarenta aeroportos espalhados pelos Estados Unidos. A adesão custa 100 dólares, vale por cinco anos e para ser aceito é preciso que as autoridades se certifiquem de que o viajante não oferece nenhum tipo de risco para a segurança do país.

 

As pessoas que tenham sido condenadas ou investigadas por qualquer tipo de crime ou infringido as leis de imigração em qualquer país, não poderão participar do programa.

 

{Entrada simples, rápida e tranquila}

Carlo Barbieri, CEO do Grupo Oxford, empresa brasileira de consultoria que opera nos EUA, já faz parte do seleto grupo de empresários que possuem o benefício, por ser residente no país. Barbieri mora e trabalha na Flórida, mas viaja ao Brasil com frequência e garante não se preocupar com a fila da imigração na hora de voltar. “O programa é realmente fantástico. Assim que eu soube das facilidadesdo Global Entry fiz minha inscrição, o processo é prático e rápido. Preenchi alguns formulários no site e fui para uma entrevista no posto de imigração do aeroporto de Miami. Recebi uma pré-aprovação e em poucos dias o cartão chegou no meu endereço. Hoje em dia, entro nos Estados Unidos de maneira mais tranquila.”

 

Outra vantagem para quem participa do programa é a possibilidade de passar pela segurança sem precisar de tirar sapatos, cintos e o computador da mala, basta avisar a um representante da companhia aérea que direciona o passageiro para um local chamado TSA pré-aprovado, que significa que aquela pessoa não oferece riscos e tem livre acesso.

 

Carlo Barbieri conta com detalhes como funciona agora o seu desembarque nos EUA:

 

“Chegando no aeroporto, vou direto para a entrada do Global Entry, que é a mesma para pessoas que possuem visto de Diplomata. No quiosque automatizado, insiro meu passaporte para ser escaneado, posiciono minhas mãos para leitura eletrônica das digitais, tiro foto, respondo a quarto perguntas, (duas sobre saúde e duas sobre as bagagens), em seguida imprimo um comprovante e apresento ao funcionário da alfândega. Do desembarque até a saída do aeroporto, não demoro mais de dez minutos. É fantástico, a burocracia de antes me desanimava.”

 

“Do desembarque até a saída do aeroporto, não demoro mais do que 10 minutos. É fantástico”, Carlo Barbieri, Empresário

 

 

Artigo Global Entry 1{Objetivo é facilitar fluxo de negócios}

A cada dia o programa Global Entry vem comprovando que não tem desvantagens. Todos os líderes dos países que fazem parte do programa demonstram satisfação, como a presidente Dilma Rousseff que recentemente se pronunciou após as negociações. “Agradeço ao presidente Obama porque nós decidimos facilitar a entrada nos EUA de viajantes frequentes do Brasil no âmbito do programa Global Entry.”

 

De acordo com a presidente, a recuperação da economia dos EUA é importante para a economia do Brasil e o país quer aproveitar a conjuntura para ampliar o fluxo de negócios entre os dois países.

 

“O objetivo é criar uma relação comercial harmoniosa entre o Brasil e os Estados Unidos. Portanto, devemos remover os obstáculos, reduzir a burocracia, as complicadas autorizações e outras restrições”, acrescentou.

 

Esse acordo representa a reconciliação entre as duas nações, após a polêmica sobre espionagem que envolveu a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Petrobrás, episódio que teria levado Dilma Rousseff a cancelar o encontro com Barack Obama em outubro de 2013, quando seria definida a participação do Brasil no Global Entry.

 

{E a isenção de vistos para os brasileiros?}

Entretanto, é nítido que se chegou a um entendimento. De acordo com um comunicado divulgado pelos dois Governos, Rousseff e Obama se comprometeram também a trabalhar em conjunto para que se cumpram os requisitos tanto do Visa Waiver (Programa de Dispensa de Vistos dos EUA) quanto da legislação brasileira, para assim permitir viagens sem vistos de cidadãos brasileiros e norte-americanos entre os dois países, com segurança e praticidade.

De acordo com Roger Dow presidente da U.S. Travel Association, empresa que promove o turismo americano, a isenção de vistos para turistas brasileiros trará inúmeros resultados positivos para a economia dos dois países.

 

“Aceitar o Brasil no programa Visa Waiver traria quase 650 mil novos turistas aos Estados Unidos, podendo acrescentar quase sete bilhões de dólares em nossa economia”, declarou durante um evento que reuniu profissionais do trade turístico em Orlando.

 

A U.S. Travel Association espera que o Brasil seja admitido no Visa Waiver em um futuro próximo e a indústria de viagens tem se esforçado e apoiado essa expansão para o Brasil.

“Estamos contentes já que o presidente Barack Obama e a presidente Dilma Rousseff recentemente renovaram o compromisso para expandir o programa de isenção de vistos para o Brasil. Vamos continuar incentivando os governos dos dois países para tomarem passos definitivos nesse intuito”, finalizou entusiasmado.

 

A imprensa Americana destaca que o apoio do governo brasileiro será fundamental para que os agentes de imigração em conjunto com FBI possam ter acesso às informações dos viajantes e assim liberar o fácil acesso ao país.

 

Apesar da desvalorização do Real, os brasileiros ainda ocupam a quinta posição em número de turistas nos Estados Unidos

 

{Turistas brasileiros são importantes}

Apesar da desvalorização do Real, os brasileiros ainda ocupam a quinta posição em número de turistas nos Estados Unidos e a sexta quando o assunto é desembolsar para curtir as férias, seja com hotéis, restaurantes, parques e principalmente nos outlets, o que colabora com a ideia de facilitar ainda mais o fluxo de brasileiros na América.

 

Mas as opiniões se dividem. Enquanto o setor turístico se anima com a ideia, especialistas acreditam que caso o visto deixe de ser exigido, o número de imigrantes brasileiros vivendo ilegalmente nos Estados Unidos tende a aumentar, já que é comum que o visto de turista seja usado como ferramenta para entrar no país e não sair mais.

 

“Minha prima está no Brasil e planejou as férias na Flórida. Ela não possui emprego fixo e trabalha por comissão. Mesmo após ter apresentado uma boa renda, teve o visto negado. Portanto, enquanto o visto é ainda obrigatório, apenas torço para que os agentes da imigração sejam mais flexíveis e pensem ‘fora da caixinha'”, diz o estudante Alexsandro Almeida, de 24 anos, que é brasileiro, cidadão americano e morador de Orlando.

 

O grande passo já foi dado, Dilma Rousseff e Barack Obama entraram em um acordo. Agora os responsáveis pelo Departamento de Controle de Fronteiras e Alfândega devem alinhar os detalhes do procedimento. Enquanto o visto continua sendo exigido, o procedimento é o mesmo: emitir o passaporte na Polícia Federal Brasileira, reunir todos os documentos solicitados, agendar a entrevista no Consulado americano e aguardar.

 

QUER PARTICIPAR DO GLOBAL ENTRY?

  1. Acesse o site
  2. Preencha o cadastro, com atenção e paciência;
  3. Pague a inscrição (100 dólares) – caso não seja aprovada, o dinheiro não será devolvido;
  4. Se for aprovada, o Departamento de Controle de Fronteiras e Alfândega fará o agendamento da entrevista;
  5. Apresente-se pontualmente no dia e horário marcados;
  6. Os documentos serão analisados e, em poucos dias, um cartão vai chegar no endereço informado.

 

QUEM PODE TER ACESSO?

  • Viajantes frequentes e empresários;
  • Aqueles que nunca cometeram crimes e não oferecem perigo. Mas, caso haja necessidade ou atitude suspeita, um funcionário da imigração poderá fazer uma abordagem de esclarecimento.

 

* A despeito desta possibilidade aberta pelas autoridades americanas, sou cauteloso com relação a implementação, pois não temos lei no Brasil contra o terrorismo e as autoridades federais não fornecem informações sobre os brasileiros para ajudar na sua aprovação ou eventualmente reprovação para este sistema facilitador, com facilidade. (Carlo Barbieri)