Carlo Barbieri
Advogado & Economista
Presidente da Oxford Group
Barbieri@casite-724183.cloudaccess.net

A gestão atual de empresas, mesmo que não se descarte a base da gestão científica de Taylor, como o fundamento de quase tudo, tem características novas que devem ser destacadas.

A grande questão que deve ficar clara para nos é que, quando foi criada a administração científica, ela se baseava nas grandes empresas e basicamente nas empresas industriais.

Hoje, em um país como os EUA, apenas 21,9% do PIB (Produto Interno Bruto) vem da indústria, contra 76,9% da área de serviços. Mesmo no Brasil, a indústria representa 28,5% apenas do PIB.

Destacamos estes pontos para enfatizar que muitas novas formas devem ser buscadas para termos uma gestão eficiente.
Mesmo na área de serviços, a tecnologia tem mudado os conceitos e os requisitos de sucesso. Vejamos o exemplo do correio americano, considerado um paradigma para o mundo, e que esta à beira da falência, pois perdeu 18% de seu volume de correspondência nos últimos 10 anos e precisa demitir pelo menos 120.000 funcionários, ou seja 20% dos 574.000 que emprega, mesmo já tendo, nos últimos 10 anos dispensado cerca de 26% dos que lá trabalhavam no início dos anos 2000.

E onde está o problema? Tudo mudou nas comunicações. Não há mais tantos catálogos como antes, as contas são pagas “on line”, quase não existem mais cartas.

O histórico USPS não inovou, nem se diversificou, com poucas exceções como o serviço de passaporte. No Brasil, as agências de correio fazem de tudo, de agência bancária à entrega de correspondência. Na Suíça, até eletrodomésticos são vendidos nas agências.

Ora, se tudo muda e seguirá mudando, na velocidade da luz, temos toda a necessidade de mudar nossa forma de comportamento gerencial.

Um primeiro destaque é com relação aos conflitos dentro da empresa.

Na gestão antiga, o conflito não era sequer aceitável. Como se dizia : “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
Hoje o conflito não é apenas aceito, como até mesmo desejável.

Nas empresas, as características de cada funcionário têm que ser conhecidas e utilizadas a favor do resultado final. Quase todas as empresas já têm feito testes, como o “Arno Profile System”, para conhecer o temperamento de seus colaboradores e, conhecendo-o, tirar o melhor da inteligência emocional de cada um.

José Ruy Alvarez classifica os funcionários em comprometidos, inconformados e indiferentes. Claro que para os últimos vale a máxima de nossos avós: “a porta da rua é serventia da casa”, mas as visões diferentes dentre os inconformados e comprometidos não quer dizer que ambos não estão certos, individualmente, em suas visões. Daí a necessidade de termos na empresa uma forma institucionalizada de resolução do conflito, pois caso contrário, o próprio Alvarez indica os maiores riscos:

• Sabotagem – aberta ou mascarada;
• Deslealdade com a organização, chefes e colegas;
• Autopreservação – não aceitação de responsabilidades – omissão ou anonimato;
• Acomodação – renúncia altruísta em nome do interesse comum;
• Alienação – Desligamento, busca de outros interesses fora do trabalho, um indivíduo presente em corpo, porém, de “espírito ausente”;
• Segregação – A pessoa “deixa disso” que evita contato direto;
• Polarização Melodramática – Aquele que acha que tudo é culpa dos outros e ele está sempre certo.

Esta parte da gestão nem sequer foi considerada por Taylor. Um segundo destaque, é a necessidade de por fim ao sistema de hierarquia baseada no poder.

A gestão eficiente só será obtida com real liderança. Os sanguíneos, que eram antigamente os grandes comandantes das empresas e, em particular da indústria, só conseguem, em geral, exercer o mando se tiverem um “ chicote” de poder (seja de demissão, seja de salários) para que sejam “respeitados”.

Porém, como se pode nos dias de hoje, ter um “chefe” gritando e ameaçando ao invés de um líder capaz de conseguir o melhor desempenho de cada um, particularmente na área de serviço?

Um último ponto, é a necessidade de compartilhar.

Embora seja de extrema facilidade de entender, destacaria neste limitado espaço, este itém que é de difícil implementação.

Em uma gestão moderna tem se que compartilhar com os colaboradores, tanto a responsabilidade, como os resultados. Não se pode ter sucesso sem que todos contribuam com tudo que podem dar e também tenham seu quinhão do resultado obtido, como diziam nossos avós: com o ônus, vem o bônus.

Fonte:GAZETANEWS.COM