O gueto e o mundo global

O pessimismo que vem assolando os americanos em geral, e os brasileiros aqui residentes parece não ter limite. Mesmo entendendo a questão das dificuldades decorrentes do “status” ou falta dele, precisamos sair desta onda pessimista e ver o lado das soluções e oportunidades que estão ai a nossa espera.

Vamos entender o que esta ocorrendo:

Se algo podemos dizer que acontecerá em um futuro próximo é que nada deve mudar, para melhor. Parte da Europa estará pior (assim como a China e o Brasil), do que estava no ano passado.

E daí?

Dizia meu avô que quando o tamanho do bolo diminui temos que aumentar o tamanho proporcional da nossa fatia.

Aqui, nos EUA, temos duas vantagens:

1- O tamanho do bolo parou de diminuir e já está crescendo. Pouco, é verdade, mas está crescendo;

2- O bolo ainda é muito grande!!!
Convenhamos que estar em um país de mais de U$13 trilhões de PIB é uma bênção. Só para lembrar, nosso querido Brasil é cerca de 1/7 disso; e a China, uns 2/7.

Quais os principais problemas da retomada do emprego nos EUA:

1- Na recessão, os empresários aprenderam a aumentar a produtividade diminuindo o quadro de pessoal. Ganham o mesmo hoje com menos produção e empregados do que tinham antes;

2- Com a nova economia e a globalização, os empregos mudaram de forma e exigência, e o pior: de país;

3- O dinheiro que foi destinado a retomada do crescimento e a salvação dos Bancos ficou com eles e está sendo utilizado para sua lucratividade e capitalização, não para geração de negócios. Em consequência não há crédito disponível para geração de emprego;

4- Por outro lado, nesta sociedade que se vivia do crédito, quando os cartões cortam os limites dos que pagam e cancelam os dos que não pagam, não há dinheiro para consumo, nem o básico;

5- Os empregados de altos salários e posição, ao perderem o emprego foram aproveitados em posições inferiores com ganhos menores mas, estão empregados e não engordam o nível de desemprego oficial mas, perderam poder aquisitivo, mal sobrevivem, não pagam as contas ou precisam poupar, ou seja, o giro do dinheiro segue escasso e estes lugares, estão “ocupados” para as pessoas de menor preparo.

Bem, se não há perspectiva de um rápido retorno dos empregos, a reforma imigratória deve demorar mais, pois não haverá espaço político para a abertura de empregos legais para estrangeiros em um ambiente com 10% de desemprego para os nacionais ou imigrantes “documentados”.

Com a situação clara, retornemos a questão do bolo.

Uma parte do bolo que desfrutávamos vinha do emprego em construção e do comércio e serviços para com brasileiros aqui residentes, documentados ou não.

Em ambos os casos, o tamanho do bolo diminuiu.

Como então aumentar o tamanho da nossa fatia?

O mais fácil seria nos acotovelarmos e disputar esta sobrinha de empregos e negócios.

A mais eficiente e de futuro, no entanto, é sairmos da postura de gueto, entrando na economia do país que optamos por morar.

Como mostramos no artigo anterior, e destacamos anteriormente, há trilhões de dólares nos esperando na economia americana. E é para ela que devemos direcionar nossos esforços e atenção. De nada adianta ficarmos em lamúrias ou acomodados em nossas zonas de conforto.

Temos que mudar de área e principalmente de postura. Há bilhões de dólares girando no mercado local americano a nossa espera. Precisamos disputá-los.

Na dúvida de como chegar a eles, busquem assessores, consultores, de boa reputação e confiabilidade. Conversem com quem sabe e não apenas com carpideiras. Lágrimas compartilhadas não nos deixam afogar, mas não nos salvam. O que salva é a determinação de fazer acontecer. No mundo da vida terrena, é o esforço e principalmente seguir o caminho certo que nos assegurarão o futuro. Pode ser estreito, mas nos levará a um futuro melhor e mais seguro.

Carlo Barbieri