O Rei não pode ficar nu

Terminadas as emoções eleitorais, eleito o primeiro presidente pela internet nos EUA, entronizado e coroado o mesmo como Rei, começam os analistas a olhar os números que estão marcando a opinião púbica nestes primeiros dias, após 2 meses da administração de sua Majestade.

Mesmo que 8 em cada 10 americanos responsabilize os republicanos pela atual situação financeira do país, a líder do Congresso Nancy Pelosi e o líder democrata Harry Reid só perdem para os lideres republicanos Mitch McConnell and John Boehner em sua baixa aprovação.

O Congresso nos EUA, mesmo após a aprovação do poderoso pacote de estímulos proposto pelo executivo, segue com um nível de aprovação de 18%, o que deixa nossos parlamentares felizes levando em conta que nossas mazelas legislativas são impensáveis num pais serio e com um mínimo de ética.

Dois terços da população acreditam que os parlamentares estão mais interessados em suas próprias carreiras do que em ajudar o povo americano.

Mas, o que preocupa àqueles que, como nós, queremos o melhor, é que menos de ¼ da população americana acredita que o governo federal reflete o desejo da população americana. E, metade, não aceita a idéia de que para voltar a ter um padrão de vida americana, depende da proteção do governo. Apenas 1/3 quer um aumento do poder governamental, base da política de salvação nacional do presidente.

No que tange aos bancos a posição da população está clara: 56% se opõem a que seja dado qualquer centavo adicional para a salvação dos Bancos, ou mesmo qualquer garantia adicional. Mais de 2/3 dos americanos entendem que esta ajuda beneficia mais aos vilões de Wall Street do que a população em si. Esta posição atual representa uma perda considerável de poder da idéia de salvar os Bancos, pois, no ano passado, quando foi aprovado o primeiro pacote, cerca de 45% se opôs ao plano. Hoje apenas 20% apóiam este apoio às instituições financeiras.

Voltando a política, mesmo que a população em geral condene os Republicanos pela falta de bi-parlamentarismo, a mesma população entende que o Presidente não fez nenhum esforço real para criar as condições para a cooperação bi-partidária. Pior, mais da metade da população acredita que as eleições do próximo ano serão mais separadas entre os partidos do que nunca.

No que tange ao sistema previdenciário menos da metade da população é favorável ao aumento de impostos para este fim, o que representa 17% menos do que o apoio à proposta semelhante desenvolvida pelo ex-presidente Clinton em março de 1993.

Indo para a política e a pessoa do presidente, 45% da população já não mais acreditam nele, e ¾ partes da população acredita que a situação ficará ainda pior!!!

Na parte dos créditos hipotecários, mesmo que 48% aprovem as medidas, e apenas 36% se oponha, a maioria acha que esta proposta está sendo muito injusta para com aqueles que foram responsáveis e tirando dinheiro dos contribuintes para ajudar os irresponsáveis.

O apoio ao pacote de estimulo cai dramaticamente e 60% já acha que não fará nenhuma diferença substancial nos próximos 2 a 4 anos, segundo pesquisa do Wall Street Jornal/NBC.

As pesquisas feitas pelo Dr. Rasmussen, das quais tiro a maioria destes dados para a análise que ofereço aos nossos leitores, demonstram que 46% da população estão contra o orçamento apresentado pelo Presidente, contra 41% que o apóiam. Três em cada quatro que se opõem é por discordância dos gastos que o novo orçamento propõe. Dois em cada 3 americanos rejeita a idéia de Nancy Pelosi por mais outro pacote de estímulo. Tenhamos em conta que este pesquisador, longe de ser um republicano, foi chefe da parte de pesquisas do ex-presidente Clinton.

Três em cada quatro americanos diz que é melhor gastar menos do que mais. O que demonstra que eles têm uma clara idéia de onde vem o dinheiro para os gastos, de seu próprio bolso.

A gastança é rejeitada e a maioria não acredita nas palavras do Presidente que cortará o déficit pela metade antes do final de seu primeiro mandato.

Por estas razões, as pesquisas demonstram que mesmo que o Presidente mantenha uma grande popularidade, ela é hoje menor do que a tinha o Presidente Bush no mesmo período de tempo em seu primeiro mandato. Hoje já perdeu o apoio dos republicanos que inicialmente o apoiavam, assim como boa parte dos independentes.

Tudo isto demonstra o risco de deixarem o Rei nu, despido de toda áurea que o elegeu. A perda deste apoio pode colocar em risco a retomada do desenvolvimento nos EUA e em conseqüência no resto do mundo. A internet que o elegeu, mesmo que siga extremante ativa, não está conseguindo transmitir adequadamente o que está fazendo e querendo fazer o Presidente.

As regras do liberalismo econômico ficaram  demonstradas que não são mais eficientes e a nova ordem necessita de forte governantes  para liderarem as mudanças.

O Rei não pode ficar nu.

Carlo Barbieri é gestor do São Paulo Business Center, presidente do Brazilien Business Bureau e presidente da Oxford Group.

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