Matéria publicada pelo Jornal Brasileiros e Brasileiras

Em se confirmando a vitória de Biden/Harris e o partido Democrata conseguindo o empate no Senado que lhe daria a maioria por ser o voto de minerva da VP Harris, teremos, sem dúvida outro país, com novas regras e nova visão em cada campo de atividade. Destaco a questão do Senado, pois se o Partido Republicano obtiver a maioria, as propostas de aumentar a quantidade de ministros da Suprema Corte e a indicação de juízes federais mais ativistas e propensos a levarem as leis mais próximas de seus princípios pessoais, não seriam realizáveis pelo menos nos dois primeiros anos, até termos uma nova composição possível no Senado que propiciasse estas modificações.

Saúde

Na área da saúde se teria o retorno do chamado Obama Care, muito mais profundo, com a tendência a ser um seguro universal, público, ao estilo europeu. Neste caso será buscado o fim do seguro privado e o Governo assumindo todas as funções. Será um tema polêmico, pois no Obama Care quem pagou a conta da ampliação do seguro de saúde foram os que já tinham seguro, que tiveram seus prêmios aumentados, significativamente, e contou com o apoio dos seguros privados que foram os beneficiados no final das contas. A socialização proposta deverá ter uma resistência destes velhos aliados. Será seguramente um tema polêmico. A indústria farmacêutica estará a favor pois terá um só cliente certo sem disputa de preço. Ambos apoiaram financeiramente a campanha de Biden. Não se pode antever o final da contenda. Mas, se pode esperar a ampliação significativa da presença do estado na área da saude.

Economia

Deverá haver uma mudança total na economia. A nível internacional: hoje os EUA privilegiam acordos bilaterais em detrimento de acordos multilaterais. Biden deve retornar a organizar acordos como o do Pacífico e outros. Esta mudança trará enormes mudanças na economia interna e novas alianças a níveis mundiais. Não creio que o aumento de contribuição a OTAN obtida pelo presidente Trump seja revisto, mas os EUA devem novamente abrir as fronteiras para produtos chineses, privilegiando as indústrias de informática que tinha aumentado seus custos com os impostos criados para os produtos deste país. Deverá haver uma baixa nos custos de produção nos EUA, em função da entrada de milhões de pessoas atualmente indocumentadas, que ao poderem trabalhar legalmente tendendo a aceitar salários mais baixos. Biden acredita em uma globalização do mundo e das empresas. Neste sentido atores globais como Microsoft, Apple, etc., que voltaram a trazer suas bases financeiras e administrativas para os EUA, em função da diminuição dos impostos de 35% para 21%, além de poderem trazer seus lucros para os EUA na rubrica não tarifada, deverão voltar a pensar em outros países, para sua base tributável, em sendo cancelado esta vantagem de impostos.

Imigração

Embora este item tenha ficado um pouco fora da campanha, para não tirar votos de americanos mais nacionalistas, deve haver uma grande reforma imigratória, primeiramente para dar residência aos cerca de 26 milhões que estão hoje num limbo documental. Esta regularização deve trazer uma grande economia para os cofres públicos pois, segundo a OAN seu custo é de cerca de $270 trilhões, até o dia 11 de novembro. Cabe ver como os sindicatos verão esta provável anistia em termos da entrada desta quantidade enorme de novas mãos de obra no mercado. Também deverá haver mudanças nos vistos de interesse das BIG Tech, pois antes do atual governo podiam trazer funcionários de outros países a salários bem baixos, que sofreram restrições no atual governo pois tinham que pagar a média dos salários americanos.

Meio Ambiente

Esta será a grande mudança com regulamentações mais rígidas, face a promessa de acabar com o uso de combustível fósseis para uso dos carros e geração de energia, entre outros itens. Deverá haver um desemprego neste campo ou os EUA terão que “empurrar” esta produção para outros países pois hoje com todo o consumo interno, os EUA não apenas são auto suficientes, como exportadores de petróleo e gás. Os EUA deverão liderar, ou pelo menos somar-se a EU em regras multilaterais de defesa do meio ambiente, atendendo uma legítima demanda da nova geração.

Relações Internacionais

Todas as relações devem ser modificadas, com um novo acordo mais brando com o Irã, reabertura dos escritórios em Cuba, relação amistosa com a China, apoio financeiro a Coréia do Norte e uma aliança forte com a Europa. Direitos humanos deverá ser uma tônica de sua administração, o que poderá colidir com a base mais à esquerda de seus apoiadores. Biden tem uma grande experiência internacional, talvez seja o presidente que chegue ao cargo com mais experiência neste setor. A visão fundamental será o estabelecimento numa nova ordem mundial, com forte empenho na limitação do crescimento demográfico numa aliança conjunta das grandes multinacionais americanas e europeias, China e União Europeia e, prestigiando as relações com a França.