Sócios ajudam ou atrapalham?

 

Fonte: Comex do Brasil
Publicado em 13 de Janeiro de 2016

 

Esta é uma pergunta recorrente no nosso trabalho, mesmo que feita de maneira dissimulada.

Os sócios podem e devem ser o melhor “asset”de uma empresa.

Porém, o capital, não se confunde com o empreendedorismo e menos ainda com o conhecimento para a gestão.

Os sócios quando trazem junto com a experiência do serviço ou do produto a humildade de quererem entender, apreender e conhecer a realidade do país, são fantásticos e criam uma sinergia de sucesso.

Quando os sócios acham que devem implementar aqui o que fizeram no Brasil, com sucesso, nos mesmos moldes, condenam a empresa ao insucesso.

 

Os EUA não são um país melhor ou pior, são diferente.

As leis são diferentes assim como o sistema tributário.

As regras de conduta são diferentes.

As formas de relacionamento com os funcionários são diferentes.

As autorizações são diferentes.

As taxas de retorno sobre o lucro são diferentes.

O marketing é diferente.

As formas de vendas são diferentes

Os gostos são diferentes.

A análise dos dados é diferente.

Enfim, tudo é diferente.

 

Lembro-me de um empresário que chegou para seu “capataz”(assim ele o tratava) aqui e mandou “dar um pé na B…” de outros funcionários. A história se espalhou e ele perdeu o controle moral da empresa.

 

Ainda neste começo de ano, numa conversa de um investidor chinês interessado em abrir sua construtora para os EUA, ele posicionava que não viria para cá se realmente os números aqui fossem menores dos 30% a 50% ao ano que tinha em Shangai.

 

Não tem a menor possibilidade, os riscos são diferentes, os prazos são diferentes e a receita potencial é diferente.

 

Disse eu ainda ao investidor e sócio chinês: quando vamos fazer negócios com a China sempre temos um parceiro, sócio ou consultor chinês. Por que seria diferente se vocês vêm para os EUA.

 

O pior são aqueles sócios que vem para cá, buscando fazer “algo diferente“ do que faziam no seu pais de origem e com sua “experiência empresarial”  querem ser os donos absolutos da verdade. Condenados ao fracasso.

 

Até acho que a expressão “cada macaco no seu galho”poderia ter sido criada para explicar a cultura americana das especialidades.

 

Este país vive de meritocracia e, se o empregador pode mandar embora o funcionário sem aviso prévio, ele também pode largar a empresa sem aviso prévio se sentir desconsiderado ou for ofendido.

 

Neste país se trabalha mais e se ganha menos, face a concorrência e a estabilidade. Pode-se porem ganhar sempre.

 

Quem quer lucros exagerados tem que ter maiores riscos, seja em termos de país seja em termos de negócios.

 

Se o sócio vem de um país em que ele precisa de “índios” para garantir o seu ego, aqui isto além de sair caro, pois as pessoas de alguma forma estão cobrando por sua função de “divã de psicólogo ou psiquiatra”  estão ganhando uma intimidade não interessante para o negócio.

 

Quem tem que ter a confiança do sócio é o sistema, os profissionais e não os “amigos”. O cunhado inútil, o vizinho que jogava bola com ele, não são a solução, definitivamente.

 

Tanto nos EUA como em qualquer outro país a criação pelo sócio do “príncipe herdeiro”, intocável,  destrói a confiança dos funcionários no projeto e dá margem a criação do “Brown Nose”, que é uma catástrofe gerencial.

 

Sócio bom é aquele exigente, que sabe o que quer, fala o que deseja, ouve quem sabe e entende que tem que conhecer para fazer acontecer.

Carlo Barbieri (*) Formado em Economia e em Direito,  Carlo Barbieri é CEO do Grupo Oxford (composto por empresas internacionais de consultoria e trading) e membro fundador do Conselho do Brazilian Business Group, membro fundador e presidente do Brazil Club. Membro fundador do conselho da Deerfield Chamber of Commerce e membro do comitê da Florida Chamber of Commerce: Florida Brazil Partnership. Embaixador da Barry University no Brasil;