materia publicada originalmente no Brazilian Times

Mais da metade dos imigrantes brasileiros que chegavam aos Estados Unidos são mineiros, segundo anunciou em fevereiro deste ano, Mark A. Pannell, adido de imprensa da Embaixada dos EUA. Último Censo do IBGE colocou Minas Gerais como líder no ranking de ‘exportadores de imigrantes aos EUA’.

Antes da pandemia, o número de brasileiros que imigravam aos EUA batia recorde pela quarta vez consecutiva, de acordo com levantamento do Departamento de Estado Americano, com coleta de dados iniciada em 1991. Em 2018, foram emitidos 4.458 vistos, um aumento de 27% em relação a 2017. Entre 2014 e 2015, a expansão foi de 54%. Uma população imigrante formada, em grande parte por mineiros.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, Minas Gerais liderava, antes da pandemia, os embarques: 43% dos mineiros que deixaram o país optaram pelos Estados Unidos. O número é mais do que o dobro de São Paulo (20% do total). Para o economista e analista político Carlo Barbieri, que preside a consultoria americana Oxford Group e atua nos EUA há mais de 30 anos, estes imigrantes poderão ajudar, e muito, a economia de Minas Gerais a se recuperar.

Em 2019, o dinheiro enviado pelos migrantes nos EUA ao Brasil representou quase US$ 3 bilhões, ou 0,2% do Produto Interno Bruto do país. O valor cresceu 15% de 2018 a 2019, e, segundo Carlo Barbieri, com a rápida recuperação econômica dos Estados Unidos, o declínio atual do envio de remessas estrangeiras ao Brasil não deverá ser sentido por muito tempo.

Os EUA, como em outras crises, se recuperará mais rápido. Dados do Itamaraty mostram que há quase 10 mil micro e pequenas empresas de brasileiros nos EUA e a gente sabe que na prática, os imigrantes brasileiros tendem a empreender mais aqui. Neste momento, eles estão buscando socorro no pacote de salvação econômica anunciado pelo Governo Trump, para manter empregos. Logo estarão operando e o envio de remessas deverá ser retomado”, avalia Barbieri.

Dados do último levantamento do Itamaraty mostraram que as empresas brasileiras nos EUA geraram até 2017 mais de 74.200 empregos diretos. Barbieri explica que, em geral, estas empresas tendem a empregar imigrantes brasileiros que ajudam suas famílias no Brasil, enviando remessas em dólar. Entre os latinos, os brasileiros são também os que mandam em média os valores mais altos de volta a seus países.

Estimativas da Organização Think Tank Inter American Dialogue, dão conta de que entre 50% e 80% da comunidade de 1,2 milhão de brasileiros nos EUA enviem dinheiro regularmente para parentes e amigos no Brasil. Cada migrante ajuda, em média, 1,2 famílias. Isso significa que entre 720 mil e 1,1 milhão de famílias recebem periodicamente recursos do exterior, diretamente injetados na economia doméstica.

Retomada econômica das empresas brasileiras nos EUA

O plano de estímulo econômico de mais de US$ 2 trilhões, anunciado para salvação econômica americana pelo presidente Donald Trump, já tem apresentado resultados, inclusive, na comunidade brasileira. Para Carlo Barbieri, que criou um grupo emergencial de apoio à empresários brasileiros nos EUA para entendimento e acesso aos pacotes de ajuda do Governo Federal e estaduais, a recuperação rápida de empresas brasileiras nos EUA interessa os Estados Americanos.

“A preservação de empresas brasileiras é importante para a economia americana. O Brasil é um dos países que mais geram riqueza nos EUA. “, afirma o economista. Dados do Mapa Bilateral de investimentos Brasil X EUA, divulgados pela Apex, mostraram que o estoque de investimentos oriundos do Brasil pulou de US$ 9 bilhões para mais de R$ 42 bilhões em 10 anos e empresas nacionais que se arriscaram na bolsa dos EUA levantaram acima de US$ 5 bilhões desde 2017.

Diversos estados americanos já anunciaram linhas de incentivo, financiamentos e empréstimos para empresas. Os empresários brasileiros que empreendem no país também já estão recorrendo às linhas de incentivo para manterem negócios e empregos. “O Governo de Minas Gerais deve contar com essa ajuda internacional dos imigrantes mineiros e, inclusive, estimulá-los”, finaliza Barbieri.