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Segundo especialista, objetivo do governo é fomentar imigração qualificada e a abertura de empresas nos EUA. Em 2019, estudo apontou que Imigrantes e filhos de imigrantes fundaram 45% das 500 maiores empresas dos EUA

Recentemente o governo dos Estados Unidos publicou um regulamento que dificultará o processo de obtenção de greencard para imigrantes que sejam venham, ou queiram sua legalização nos EUA, para se utilizarem, largamente, dos benefícios sociais dados pelo governo. Seguindo as novas normas, para pleitear a permanência legal, os imigrantes terão que comprovar serem autos suficientes para viver no país, ou seja, não depender de benefício do governo. Especialistas avaliam que esta pode ser uma das medidas anti-imigratórias mais impactantes de Trump, principalmente para o cenário econômico dos EUA.

Presidente Trump dificulta vida de estrangeiros e empresas. Imagem: Reprodução desde site da Agência Brasil.

Segundo o regimento publicado pelo Departamento de Segurança Interna, serão favorecidos nos processos de concessão de vistos de permanência aqueles que cumprirem padrões de renda compatíveis com a média americana de ganhos para a atividade, de forma a não serem fatores de perda de valores salariais dos americanos e não dependerem de assistência pública.

O recebimento de benefícios públicos, como auxílio sem dinheiro, incluindo auxílio alimentação (cupons de comida), saúde (Medicaid) e uma variedade de programas habitacionais públicos será considerado “fator negativo” na avaliação. O usos da educação pública não pesa negativamente a não ser no caso dos que vem para os EUA com visto de estudante e estendem este direito a seus filhos.

A previsão é que o regulamento entre em vigor a partir de 15 de outubro. O governo americano estima que o status de 382.000 imigrantes poderia ser revisto por esses motivos.

Considerando as novas regras, mais da metade dos solicitantes de visto de residência com familiares nos EUA seriam rejeitados, conforme o centro de estudos Migration Policy Institute. Em 2018, o levantamento concluiu que 69% dos imigrantes já estabelecidos tinham pelo menos um fator negativo contra eles no teste do governo, enquanto apenas 39% tinham um dos fatores positivos mais pesados.

Impacto econômico
O economista Carlo Barbieri, CEO do Oxford Group – consultoria brasileira nos EUA, explica que, com as medidas, o intuito do governo, além de dificultar a imigração ilegal, que já custou este ano cerca de $180 bilhões aos cofres públicos, é diminuir as despesas e qualificar os imigrantes. “Hoje a demanda de pedidos de moradia nos EUA parte, em maioria, de pessoas com baixa renda. O amparo social cedido aos imigrantes gera uma despesa de bilhões de dólares para o tesouro americano. Estamos falando de um número extremamente significativo. A intenção é atrair imigrantes que contribuam com a economia, preenchendo vagas de trabalho (que atualmente somam mais de 4,5 milhões de vagas abertas), abrindo empresas e gerando empregos”, explica.

Carlo Barbieri analisa que medidas podem ter impacto econômico em empresas. Foto: Divulgação.

Os benefícios direcionados aos imigrantes que vivem nos EUA respondem a um custo anual que pode variar entre US$ 43 bilhões a quase US$ 300 bilhões da receita de contribuintes americanos, de acordo com um estudo divulgado pela National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine.

Entretanto, conforme o Bureau of Labor Statistics dos EUA, os imigrantes cumprem um importante papel no mercado de trabalho americano. Em 2018, havia 28,2 milhões de pessoas nascidas no exterior trabalhando nos EUA, respondendo a 17,4% por cento do total de trabalhadores. O relatório mostrou ainda que, para alguns cargos, os imigrantes são mais propensos a serem contratados que os nativos, como por exemplo, em serviços e ocupações de determinados setores, como administração e serviços.

Barbieri contextualiza que “a orientação que o serviço de imigração tem é de aceitar aquele perfil que irá suprir a carência de obra no mercado americano. Existem áreas de empregos que não são ocupadas comumente por americanos e os imigrantes são fundamentais para atender a esta demanda de mercado. Mas, muito além do trabalho laboral, os imigrantes, quando qualificados, têm se posicionado como parte da engrenagem econômica dos EUA”.

Imigrantes e empresas nos EUA
Um estudo divulgado neste ano mostrou que os imigrantes empresários desempenham um papel indispensável na economia americana. O New American Economy apontou que Imigrantes e filhos de imigrantes fundaram 45% das 500 maiores empresas dos EUA. As organizações fundadas por essa parcela da população empregaram 13,5 milhões de pessoas nos Estados Unidos, 11% a mais do que companhias fundadas por norte-americanos.

Os brasileiros fazem parte deste número. Um levantamento desenvolvido pela Apex-Brasil, mostra que, em 2015, as empresas brasileiras detinham US$ 102,2 bilhões em ativos nos Estados Unidos e empregavam 74.200 pessoas. O Brasil foi o segundo país, entre os analisados, que mais gerou empregos, atrás apenas do México. De 2009 a 2015, as empresas brasileiras nos Estados Unidos venderam significativamente mais internamente e geraram mais valor agregado nos Estados Unidos em comparação com outras economias, como Índia, China, Rússia e México.

Com mais de 30 anos de experiência no mercado americano, Carlo Barbieri avalia que, nos últimos 10 anos, o perfil das empresas abertas nos EUA por imigrantes do Brasil mudou. “Saindo da gama de serviços braçais, o empresário brasileiro aposta hoje em inovação e setores que podem gerar maior receita. As áreas de tecnologia, segurança e o setor imobiliário, por exemplo, tem sido de destaque”, elenca o especialista em internacionalização.

Em 2018, um relatório do Citigroup e da Universidade de Oxford descobriu que dois terços da expansão do PIB dos EUA desde 2011 eram “diretamente atribuíveis à migração”, e qualquer corte na imigração prejudicaria os ganhos econômicos e impediria a inovação. O estudo observou ainda que os imigrantes têm duas vezes mais probabilidade de criar uma invenção patenteada ou ganhar um Oscar ou um Prêmio Nobel.

Para “construir a América” a entrada de imigrantes qualificados tem sido uma defesa frequente de Donald Trump em seus discursos. Em maio deste ano o presidente declarou que pretende implantar o visto “Build America” que priorizará uma nova política de imigração baseada em pontos e méritos que busca aumentar a cota de trabalhadores altamente qualificados de 12 para 57%.

O aumento na exigência de qualificação dos imigrantes incentivará a abertura de empresas. “Os EUA procuram por pessoas que queiram contribuir com a economia. Não temos enfrentado nenhum problema em trazer imigrantes qualificados e investidores para os EUA. O governo americano deu quase 1 milhão de greencards no ano passado. Centenas de brasileiros receberam e seguiram recebendo visto de investidores, entre eles o EB-5 e E-2. Inclusive para trabalhadores em áreas de maior carência, como motoristas, funcionários de construção, há abertura para imigração. A questão é seguir as normas e saber dos interesses do país”, explica o economista.


Immigration changes will affect business, work and Green Card

According to a specialist, the government’s goal is to foster skilled immigration and business start-ups in the US. In 2019, study found that Immigrants and immigrant children founded 45% of US 500 largest companies

The US government has recently issued a regulation that will make it difficult to obtain a green card for immigrants who are, come to, or want to be legalized in the US to make full use of the social benefits given by the government.

Following the new rules, to claim legal permanence, immigrants will have to prove to be self-sufficient to live in the country, ie not depend on the benefit of the government.  Experts estimate that this may be one of Trump’s most impactful anti-immigration measures, especially for the US economic scenario.

According to the regulations published by the Department of Homeland Security, those who comply with income standards compatible with the US average earnings for the activity, so as not to be a factor in the loss of US wages will be favored in the processes of granting residence visa and do not depend on public assistance.

Receiving public benefits such as cash aid, including food aid (food stamps), health care (Medicaid) and a variety of public housing programs will be considered a “negative factor” in the assessment. The use of public education does not weigh negatively except for those who come to the US on a student visa and extend this right to their children.

It is expected that the regulation will take effect from October 15. The US government estimates that the status of 382,000 immigrants could be reviewed for these reasons.

Under the new rules, more than half of US residence permit applicants would be rejected, according to the Migration Policy Institute.

By 2018, the survey found that 69% of established immigrants had at least one negative factor against them in the government test, while only 39% had one of the heaviest positive factors.

Economic impact

Economist Carlo Barbieri, CEO of the Oxford Group – a Brazilian consultancy in the US, explains that, with the measures, the government’s intention, besides hindering illegal immigration, which has already cost the public coffers about $ 180 billion this year, is to reduce expenses and qualify immigrants. “Today the demand for housing in the US comes mostly from low-income people. The social support provided to immigrants generates a billion dollar expense for the US Treasury. We are talking about an extremely significant number. The intention is attract immigrants who contribute to the economy by filling job openings (which currently total more than 4.5 million open jobs), starting businesses and generating jobs, “he explains.

Benefits targeted at US immigrants are at an annual cost ranging from $ 43 billion to nearly $ 300 billion in US taxpayer income, according to a study released by the National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine. .

However, according to the US Bureau of Labor Statistics, immigrants play an important role in the US labor market. In 2018, there were 28.2 million foreign-born people working in the US, accounting for 17.4 percent of all workers. The report also showed that for some positions immigrants are more likely to be hired than natives, for example in services and occupations in certain sectors such as administration and services.

Barbieri contextualizes that “the orientation that the immigration service has is to accept that profile that will supply the shortage of work in the American market. There are areas of jobs that are not commonly occupied by Americans and immigrants are key to meeting this demand. But far beyond labor, immigrants, when skilled, have positioned themselves as part of the US economic gear. ”

US Immigrants and Business

A study released this year showed that immigrant entrepreneurs play an indispensable role in the American economy. The New American Economy pointed out that Immigrants and immigrant children founded 45% of the top 500 US companies. Organizations founded by this portion of the population employed 13.5 million people in the United States, 11 percent more than companies founded by Americans.

Brazilians are part of this issue. A survey developed by Apex-Brasil shows that, in 2015, Brazilian companies had US $ 102.2 billion in assets in the United States and employed 74,200 people. Brazil was the second country, among those analyzed, that generated the most jobs, behind only Mexico. From 2009 to 2015, Brazilian companies in the United States sold significantly more domestically and generated more value added in the United States compared to other economies such as India, China, Russia and Mexico.

With over 30 years of experience in the US market, Carlo Barbieri estimates that, over the past 10 years, the profile of companies started in the US by immigrants from Brazil has changed. “Out of the range of manual services, the Brazilian entrepreneur today is betting on innovation and sectors that can generate higher revenue. The areas of technology, security and real estate, for example, have been prominent,” says the internationalization expert.

In 2018, a report by Citigroup and Oxford University found that two-thirds of US GDP expansion since 2011 was “directly attributable to migration,” and any cut in immigration would hurt economic gains and impede innovation. The study also noted that immigrants are twice as likely to create a patented invention or win an Oscar or a Nobel Prize.

To “build America” ​​the entry of skilled immigrants has been a frequent defense of Donald Trump in his speeches. In May of this year the president stated that he intends to implement the “Build America” ​​visa which will prioritize a new merit-based immigration policy that seeks to increase the share of highly skilled workers from 12 to 57%.

Increasing immigrant qualification requirements will encourage business start-ups. “The US is looking for people who want to contribute to the economy. We have not had any problem bringing qualified immigrants and investors to the US. The US government gave nearly 1 million green cards last year. Hundreds of Brazilians received and continued to receive visas. investors, including EB-5 and E-2. Even for workers in needy areas such as drivers, construction workers, there is openness to immigration. ‘The point is to follow the rules and know the interests of the country,’ explains the economist.

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