Se o final do século passado foi marcado pelo fim da guerra fria e ascensão dos EUA à posição de potência única do planeta, este novo século já mostra outra realidade, com o fim do domínio americano, mas sem que outra nação ou bloco assumisse um poder real entre as mesmas.

Praticamente voltamos à idade média, em termos de poder, com alguns senhores feudais dominando suas áreas, como é o caso da Venezuela exercendo influência sobre Cuba e Nicarágua, a Rússia, sobre a Síria, Irã, entre outras, a China sobre a Coreia do Norte, Mianmar, etc. Mas, não temos mais o mundo bipolarizado ou com a hegemonia de um único país.

Os EUA não deixarão de ser a nação mais poderosa do mundo, tanto em termos econômico como militar, mas não têm fôlego para seguir intervindo ou comandando o planeta.

 

A Europa passa por uma crise econômica terrível e tem que lutar pela própria sobrevivência.

A Rússia, embora ganhando espaço novamente, apenas tutela países de segundo escalão e de pouca idoneidade, como o Irã e Síria, que estão de costas para o mundo.

A China, que avança em termos militares e econômicos, galgando a segunda posição, fora da África e alguns países como a nuclearizada Coreia do Norte, ainda não exerce poder em relação ao resto do mundo.

A consequência é que estamos experimentando uma nova realidade, que não vivenciávamos talvez desde os grandes descobrimentos: um mundo em que cada um está por si.

Temos grandes poderes, mas nenhum capaz de impor sua vontade a nível mundial.

A ONU, fora gastar perdulariamente recursos que não tem, não exerce mais poder algum pois, com um Conselho de Segurança que não funciona, não serve para dar rumo ao mundo, nem para evitar catástrofes humanas como a da Síria.

O G-7 tornou-se uma organização irrelevante.

Foi formado o G-20, que por sua diversidade, só emite comunicados insossos e sem consequência prática. Como dizem, tornou-se mais um centro aonde todos os países levam sua aspiração, pouco dispondo de organização.

Não tem força política e não consegue resolver os problemas econômicos. Todos os países vão para as reuniões escondendo as cartas e esperando que os outros apoiem o que não sabem que vai ser proposto. Assim como a ONU, serve] para um “show off” para a política interna de cada pais.

No caso da primeira, cada um faz seu teatro com as notícias sendo publicadas nos seus currais eleitorais como de grande relevância, no segundo, países emergentes têm um pódio especial para exercer o necessário “jus esperniandi”.

A “luta” do Brasil para chegar ao Conselho Permanente da ONU, que custou centenas de milhões de dólares aos nossos cofres, para “motivar” países (na maioria dos casos ditaduras sanguinárias) africanos, e irrelevantes países latino-americanos (que ao final não sabem se vão de Argentina ou Brasil), me faz lembrar aquele garboso rapaz que se apaixona por uma donzela de18 anos e, quando ela lhe dá uma atenção ao passar dos 60, já flácida e enrugada, ele confere a este fato um ar de vitória. Compra a xepa e pensa que saiu de uma “delicatessen”.

O Conselho de Segurança, se já não vale muito agora, menos ainda valerá mais em uma próxima década.

Mas voltando ao tema central, temos uma nova situação no mundo, que não víamos há pelo menos 70 anos e, para a qual não estava o mesmo preparado.

Assistimos atualmente novos players, como a Índia, a Turquia e o Brasil que vão ganhando espaço na constelação mundial, mas têm muito problemas internos, assim como os EUA e a China, para consolidarem esta posição.

Por agora e seguindo até os desafios mais importantes e palpáveis como estabilidade econômica global, assegurar comida e água para os menos aquinhoados, não encontram liderança para atendê-los.

Para estas soluções precisamos de lideranças, que tenham disponibilidade nos cofres e desprendimento para doar, sabendo que não vai receber de volta e, poder para fazer valer a sua vontade.

Em síntese: estamos sem este líder.

Os EUA, que seguem envoltos em sua segunda guerra civil, ainda não resolveram como vão equacionar a sua questão do déficit público, acumulado ao longo de décadas de (des) governança, com muito mais benefícios a seus funcionários públicos que os cofres podem arcar, mais favores às mães solteiras do que às casadas, e outras questões já relatadas anteriormente.

Os EUA têm que entender que precisam se concentrar em seis pontos básicos: segurança energética, proliferação nuclear, “cyberattacks”, terrorismo internacional e mudança climática.

Se houver concentração nesta temática, pode voltar a liderar o mundo novamente, com propostas sérias e tornando-se o grande exemplo.

Na necessária formação do G-2 (China e EUA) que serão, queiramos ou não, as forças que terão que assumir a liderança do mundo após o fim do caos do chamado G-Zero (mundo sem lideranças) os EUA deverão sair na frente com propostas que façam sentido ao século XXI.

Por agora resta trabalhar e desejar, que este acefalia de liderança seja usada para um melhor aprendizado quanto às responsabilidades de cada país e não desague numa eventual, embora não desejável, catástrofe em nível mundial.

Fonte: http://www.mercadocomum.com