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Matéria publicada na Revista Foco America por Carlo Barbieri CEO do Grupo Oxford

Você pode verificar nos jornais, na internet, nos programas de notícias da TV todos os dias e ainda assim não vai encontrar um método preciso para determinar os números de aprovação do presidente Donald Trump após 15 meses no cargo.

Qualquer resultado se baseia no que está sendo comparado, por exemplo, citamos algumas delas, tais como: a classificação de Trump hoje em relação há um ano atrás; a marca de aprovação de Trump atual contra a avaliação de Barack Obama no mesmo ponto de sua presidência, ou seja, com 15 meses de mandato, e a pontuação de Trump hoje em comparação com a média de todos os presidentes dos EUA com 15 meses após assumirem o cargo. Depois de pensar muito sobre essas comparações cheguei a um método que chamo de “Conhecendo melhor”, o qual considero ser um sistema confiável. A música “Getting to know you” (Conhecer você) é apresentada no musical e no filme de teatro “The King and I” (O rei e eu). Basicamente explica que as pessoas não gostam ou desconfiam umas das outras quando se conhecem num primeiro momento, mas com o tempo ao se conhecerem melhor se sentem mais acolhidas.

Após conhecer Donald Trump como presidente por um ano e três meses, muitos americanos devem sentir que o conhecem melhor e quase todos estão respondendo favoravelmente.

Seria fácil ler as manchetes e concluir que a administração Trump está em apuros praticamente todo o tempo. Já que existem brigas, demissões e os famosos tweets do presidente, repletos de comentários questionáveis sobre seus inimigos. O que isso tudo realmente tem feito é fazer parecer que cada vez mais Donald Trump é como um de nós – mais humano, portanto, mais simpático. Antes de se tornar presidente, Trump era conhecido principalmente como um bilionário de Nova Iorque que investiu muito em imóveis e que morava em uma estrutura imponente que leva seu nome, e também por possuir uma mansão restaurada não muito longe de nós em Palm Beach.

Entretanto, nos últimos tempos vemos que Trump não age como um bilionário. Ele é um cara muito normal. Ele não faz pose de superior. Ele fez um bom trabalho criando seus filhos, apesar de três casamentos. Ele é falho, mas destemido. Ele comete erros, mas normalmente se levanta e dá a volta por cima. E ele não tem medo de assumir responsabilidade por suas falhas. Sim, Trump é um homem do povo – nós, o povo. E essa percepção de um vínculo entre nós, sem dúvida, ajudou na sua classificação. Trump continua sendo historicamente impopular para um presidente de primeiro mandato, mas contra essa linha base de impopularidade, ele vem melhorando. Um serviço de classificação popular o colocou com 41% de aprovação, sendo nessa era moderna que vivemos bem abaixo de onde seus antecessores estavam no mesmo momento de seus mandatos, mas é o seu ponto mais alto em quase um ano.

No ano passado ele chegou no cume com a demissão do então diretor do FBI, James Comey. Nós também sentimos que Trump tem se recuperado das recentes reclamações de sua ex-concorrente, Hillary Clinton, cuja turnê de desculpas por falhar completamente (crash and burn) está dispersando os democratas que uma vez amarraram seu vagão à sorte dela. Em seu recente livro – e nos falsos discursos que deu nos palanques – Hillary tem tentado explicar sua perda nas eleições presidenciais de 2016. Ela responsabiliza uma grande variedade de fatores, desde o já mencionado senhor James Comey até as mulheres abusadas por seus maridos e filhos, e mesmo negando a uma senhora de Chappaqua* seu aparentemente legítimo lugar no Salão Oval por ter votado em Trump. Com Hillary ainda pairando no centro das atenções como uma mariposa atraída por uma lâmpada, é difícil acreditar que os democratas tinham uma hipotética vantagem de 18 votos sobre os republicanos. Claramente, o fator Hillary reduziu essa margem ao tamanho de uma ameba (animal unicelular).

Na verdade, uma recente pesquisa “Politico/Morning Consult” mostrou que os republicanos têm uma vantagem em torno de 39% a 38% sobre os democratas, sendo que 23% dos eleitores são indecisos. Já a média do RealClearPolitics* mostra apenas uma vantagem de 6,6% para os democratas. Assim, a melhora na taxa de aprovação de Trump é mais do que apenas um fenômeno de “conhecer melhor”. É também “conhecer melhor” as suas políticas e o seu impacto nos empregos, na economia e no governo em geral. O aumento dos números republicanos também coincidiu com a lei fiscal aprovada em dezembro. Estranhamente, esse projeto de lei continua sendo impopular, apesar do fato de que ele dá à maioria das pessoas certa diminuição de impostos, pelo menos em curto prazo, é mais dinheiro em seus contracheques. Eleitores mais experientes percebem as ideias responsáveis quando as ouvem e viram a primeira prova de que o Partido Republicano poderia aprovar uma legislação importante enquanto está no controle da Câmara, do Senado e da Casa Branca. Trump também se beneficiou de um sólido desempenho do Estado da União e de uma posição linha dura contra a imigração ilegal.

Ele e seus aliados no Congresso conseguiram inclusive moldar as percepções das investigações do FBI na campanha de Trump, tais como, os delírios políticos dos mergulhões de esquerda supostamente incorporados ao governo – o chamado Estado Profundo (Deep State). O super pacote democrata com as prioridades dos EUA, também encontraram aprovação no governo de Trump. “Não há dúvida de que Trump se beneficia quando uma crítica de suas políticas tributárias e de saúde não está em destaque – especialmente quando os eleitores estão ouvindo o outro lado da história em relação à economia”, disse o memorando de prioridades (Priorities memo).
Claramente, até os democratas estão “conhecendo melhor” o presidente e os seus polegares para cima dando um joinha estão começando a aumentar. E se eles podem fazer isso, o resto do país também pode.

 

*Chappaqua é uma pequena cidade suburbana localizada em Nova Iorque – EUA, onde Hillary Clinton reside com sua família.

*A RealClearPolitics é uma empresa de Chicago que apresenta resultados de dados de notícias e pesquisas políticas, foi formada em 2000 por John McIntyre (consultor de operações financeiras) e por Tom Bevan (executivo de contas de agência de publicidade).