Ainda é o trem

A luz que o presidente americano vê no fim do túnel da economia americana, ainda é a do do trem

Após a vitoria (nominal) de Obama na questão do seguro de saúde, o Presidente pretende dedicar-se a questão da imigração, outra controversa promessa de campanha.

Porém, no campo econômico as ações do governo seguem titubeantes e demonstram que ainda não atingiram o coração da crise.

Todos sabem que só haverá recuperação da economia, na medida em que os americanos voltarem a gastar.

O que acontece é que para isto ele tem que acumular recursos (o que não está conseguindo fazer na crise) ou  voltar a ter créditos disponível

O crédito, alem de estar muito mais “seco” do que antes, passou a contar com regras muito mais restritas do que anteriormente.

Os cartões estão cada um buscando salvar o seu, diminuindo os limites dos clientes e aumentando os juros o que enforca o cidadão americano.

Os créditos com garantia de bem real, está simplesmente desaparecido, sem chance de ser reativado por enquanto.

Os americanos costumavam ir aumentando seu poder de compra, alavancando empréstimos na valorização de seu imóvel.

A questão é que estes ainda não pararam de cair o valor e não há uma perspectiva que cheguem a uma estabilidade a curto prazo.

Em conseqüência, os emprestadores de mortgage se dão por feliz de que muitos financiados ainda estão pagando suas prestações, mesmo que o valor do imóvel seja menor do que o que da  base a sua hipoteca.

Desta forma, não temos entrada de dinheiro novo no mercado.

Mesmo que o nível de emprego não tenha aumentado, isto não quer dizer que esteja sendo gerada maior disponibilidade de ganho.

Hoje, o sub emprego, ou o emprego desvalorizado é o que existe.

Vejam o que ocorre: o desemprego dos formados em curso superior anda na ordem de 5%, contra a media nacional de quase 10%, porem, na verdade, este diplomado esta trabalhando em entregas, caixa de supermercado, atendente em lojas ganhando metade ou às vezes um terço do que ganhava antes. Entre ter um funcionário para limpeza com nível superior e um de nível colegial ou menos, o emprego é do de nível superior, mas esta ganhando muito pouco e ocupando uma vaga que não seria sua.

Estas distorções estão ocorrendo em toda parte e com todos os tipos de profissionais.

A crise está tão forte, que pela segunda vez (ocorrerá este ano) o Governo não esta usando todas as vagas disponíveis para estrangeiros que precisam de visto para nível superior.

Historicamente estas vagas acabavam no primeiro dia em que elas eram abertas!

Os bancos estão melhores, com mais lastro e voltaram a ganhar dinheiro, mas poucos centavos dos recursos recebidos do governo ou amealhados nas captações foram usados para financiar o consumo.

E, sempre vale repetir, que 2/3 do PIB americano vem do setor de serviço que esta andando de lado, ainda.

Como uma boa parte do dinheiro para reaquecer a economia foi mal aplicado, e o Estado Americano já não tem mais de onde tirar dinheiro para estes gastos e projetos, o jeito é esperar uma recuperação mais natural, o que demandará tempo e uma grande dose de paciência da população.

A questão é que, aqui, como aí, o povo vota pelo bolso e poderá o Presidente correr o risco de perder parte da grande e solida maioria que tem no Senado e na Câmara, nas eleições deste ano, o que poderia atrasar ou inviabilizar as reformas necessárias que ele está querendo fazer e que o país precisa.

Num ano eleitoral (aqui as eleições legislativas ocorrem a cada 2 anos) creio que teremos ainda mais dificuldade em ver grandes e ambiciosos projetos de mudança serem aprovados no Congresso

Torçamos para que sim, pois os EUA precisam de se reencontrar com a história e se ajustar ao século XXI para seguir puxando o crescimento mundial

Carlo Barbieri é gestor do São Paulo Business Center, presidente do Brazilien Business Bureau e presidente da Oxford Group.

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