Matéria publicada na Revista Foco América por Abel Fiorot – Consultor do Grupo Oxford
O processo de avaliação é utilizado para determinar o valor de um negócio/projeto para diversas finalidades: operação de compra e venda de empresas, separação judicial entre os sócios (inclusive divórcio), determinar o sucesso de um empreendimento ou projeto, fazer investimentos (no caso do mercado de ações), negociação de partes do ativo, entre outras situações.
Ao contrário do que muitos podem pensar, o valor justo de uma empresa está diretamente ligado aos benefícios futuros de caixa que ela pode gerar e não pelos seus bens físicos e quantitativos registrados pela contabilidade. Em outras palavras, o valor justo de uma empresa não pode ser determinado por suas riquezas geradas no passado, mas pelo o que ela poderá gerar no futuro.
É importante ressaltar que o valor de um negócio é definido pelo processo de negociação entre a parte compradora e a parte vendedora e que o “valor justo” de um negócio/empresa, estabelecido pelos processos e métodos de avaliação, representa o valor potencial de um negócio em função da expectativa de geração de resultados futuros do empreendimento ou projeto.
São várias as metodologias existentes para se avaliar um negócio/empresa, desde o consagrado método do Fluxo de Caixa Descontado até múltiplos de setores e empresas semelhantes no mercado. Os maiores doutrinadores em avaliação de negócios e empresas (Valuation) do mundo estão aqui nos Estados Unidos, entre eles o Aswath Damodaran, estimado e reconhecido professor de Finanças da Stern School of Business, na Universidade de New York.
Em um processo de avaliação de um negócio, geralmente são utilizados modelos e projeções financeiras. Vale observar que nenhum modelo fornece um valor preciso e único para um negócio/empresa, mas sim uma estimativa de valor. Isso porque as decisões que afetam receitas, custos, despesas, capital de giro e investimentos, aliadas às mudanças ocorridas na conjuntura econômica, influenciam nos resultados do negócio/empresa e alteram seu valor.
Os modelos de avaliação são essencialmente quantitativos; entretanto, o processo de avaliação contempla muitos aspectos subjetivos, inseridos nas premissas de tais modelos. Essas premissas devem ser analisadas cuidadosamente, pois são fundamentais para a qualidade e para a confiabilidade dos resultados.
Quando um empreendedor brasileiro avalia uma oportunidade de negócio nos Estados Unidos, ele deve estar atento a alguns fatores. O principal deles é a correta identificação dos direcionadores de valor do negócio/empresa. Pode-se fazer uma avaliação correta do ponto de vista técnico e posteriormente o negócio não atingir os resultados projetados e desejados. Isto pode acontecer devido ao risco inerente ao mundo dos negócios de um modo geral, mas também pela negligência na gestão de algum importante direcionador de valor.
Os direcionadores de valor variam de negócio para negócio e a sua correta identificação é imprescindível para definição do preço a ser pago e posterior sucesso do negócio. Não se pode comprar uma empresa comercial que possui uma vasta rede de distribuidores e simplesmente dispensar os distribuidores. A dinâmica e o acesso aos mercados são diferentes entre Brasil e Estados Unidos. Apesar de ter um mercado aberto, a competição nos Estados Unidos é feroz e o acesso aos mercados costuma ser mais lento.
Outro ponto de interesse é a taxa de desconto, pois a mesma tem um peso muito grande no resultado final da avaliação. A taxa de desconto é definida pelo custo de capital do empreendedor, que também pode ser obtida utilizando algum modelo de precificação de ativos. Importante atentar que as taxas de desconto utilizadas para negócios e empresas nos Estados Unidos são bem menores que as taxas adotadas em estudos realizados no Brasil, para o mesmo setor de negócio. Lembre-se que o cálculo do custo de capital precisa estar ajustado em função do risco do país em que a empresa está inserida. Isto dá uma diferença enorme na apuração do valor do negócio/empresa. Quanto menor a taxa, maior o valor e vice-versa.
O efeito dos impostos também deve ser levado em conta no processo de avaliação. O sistema tributário americano é bem mais simples e descomplicado que o brasileiro, mas isto não quer dizer que o empreendedor deve deixar de prestar muita atenção ao aspectos e influência dos impostos nos fluxos de caixas projetados pelo empreendimento. Algumas regiões dos Estados Unidos oferecem incentivos fiscais para novos empreendimentos e certamente os mesmos devem ser considerados.
Os principais e mais graves erros de avaliação de negócios são: reconhecimento de altas taxas de crescimento sem investimento, ausência do reconhecimento da perpetuidade quando existente e taxa incorreta de desconto.
Uma correta avaliação do seu negócio é um fator crítico de sucesso para quem quer vencer no competitivo e grandioso mercado americano. Além de ser uma importante ferramenta, sendo fundamental para a administração da empresa.
Pense nisto!
Como sempre digo: vamos em frente!