A nova ordem
Os dois séculos passados foram férteis em novas teorias econômicas, que iam do Marxismo ao Liberalismo passando por diferentes teorias de Intervenção do Estado na Economia, do Socialismo ao Intervencionismo de Keynes.
Com o fracasso da experiência comunista e as dificuldades de competição dos regimes socialistas europeus, o liberal capitalismo passou a ser onipresente no mundo ocidental.
A própria China, com seu regime meio esdrúxulo, baseado numa forte ditadura do Partido Comunista na gestão do Estado e um capitalismo na ação econômica, deu início a outras formas de governo, que já tinham tido seu experimento no governo do General Pinochet no Chile, que implantou o mais adiantado regime liberal das Américas, mantendo, porém a parte política totalmente fechada.
Aliás, a China sempre foi o maior aliado e parceiro de Pinochet.
A crise ocorrida, e que ainda está em andamento, tem trazido a baila várias considerações sobre se o sistema liberal capitalista não está superado e uma nova ordem econômica precisa ser criada, a partir de novo ordenamento jurídico-econômico.
Várias reuniões têm sido feitas, contando com as melhores inteligências do planeta, particularmente na Europa, para tentar desenhar um novo modelo econômico para o mundo.
Do ponto de vista crítico, sem dúvida, o maior problema esta na globalização da área financeira. O mundo ainda não tinha se dado conta que os ativos financeiros giravam milhares de vezes ao dia, em todos os continentes, sem nenhum controle ou mesmo regulamentação. As fronteiras nacionais não valiam para a livre movimentação de valores.
Por outro lado, os limites de emissão de moeda por parte dos Bancos foram afrouxados ainda no Governo Clinton, aqui nos EUA, dando liberdade de serem criados derivativos, dezenas de vezes mais do que o bem de garantia inicial, ou sua operação primeira. Com estes dois fatores, o mundo foi literalmente inundado de papéis ou valores, sem nenhuma base econômica ou controle.
Os lucros derivados destas operações, de valor duvidoso, criaram uma sensação de riqueza, que mesmo sem lastro, veio a gerar outras “euforias” de mercado, particularmente na especulação sem freios das operações de commodities.
Como este tumor trouxesse uma estranha sensação de euforia, foram, os governos e os empreendedores deixando que ele crescesse como que anestesiados pelo efeito “lança perfume” que acontecia.
Com a esperada queda de algumas peças, neste dominó global, o efeito não poderia ser outro senão uma ruidosa débâcle no sistema financeiro mundial, com serias consequências na economia do planeta.
Para evitar-se a catástrofe se vive remediando as calamidades, com critérios nem sempre claros ou juntos.
Aqui foi decidido que os grandes bancos não poderiam mais quebrar, independentemente da quantidade de fraudes ou malversação que tivessem praticado. Já os pequenos, que estão sendo tragados na enxurrada, não têm apoio.
Mas, os trilhões de dólares que estão sendo drenados do setor público para os Bancos, ainda seguem sendo insuficientes para taparem os ralos existentes e eles não voltaram a irrigar a economia com créditos, o que impede a geração de empregos e a retomada do crescimento.
Criou-se, de fato e de direito uma nova ordem econômica, com o Estado Americano sendo sócio majoritário de quase todos os principais Bancos e empresas financeiras, assim como de indústrias e seguradoras.
Será este o novo modelo econômico pretendido?
Voltaremos ao tema.
Carlo Barbieri é gestor do São Paulo Business Center, presidente do Brazilien Business Bureau e presidente da Oxford Group.
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