Brasil – e agora?

Tradução da entrevista publicada em 18 de Maio de 2016 – The Boca Raton Tribune
Por Alyssa Lamp

 

Oxford usa Crise politica no Brasil Brazil Eb5 Vistos para os estados unidos Brazilian Consulting Brazilian Press Magazine News From Florida USA EUACom a crise que passou o Brasil, que é o maior parceiro comercial da Florida, pedimos entrevista com o consultor Carlo Barbieri, que se tornou ultimamente um “TV star” sendo convidado a muitas entrevistas em muitos programas de TV aqui do Sul da Florida.

 

BRT- Como se sente nesta nova situação com tanta exposição?

CB- Na verdade é uma exposição efêmera. Com a crise brasileira, os canais de televisão, em particular os de noticiários políticos buscaram entrevistar pessoas que pudessem oferecer uma análise realista e isenta sobre o que acontecia, e ao desfecho, das perspectivas do Brasil.

Não posso dizer, com honestidade, que nossa análise foi isenta, mas honesta e realista.

Por outro lado, estou seguro que, encerrada esta parte da transição o tema sai da mídia.

Não me imagino mais em quatro a cinco programas de TV ou semana e outro tanto em rádios.

 

BRT- Mas, o senhor gostou desta exposição?

CB- Na verdade, não. Sou um analista político por decorrência de nosso trabalho de orientação de investidores e, ganho para isto!

Na TV ou radio a opinião tem que ser dada ao calor das perguntas e vão ao público com muito risco, pois são feitas sem um estudo prévio. Vale apena sua experiência e seu conhecimento.

Senti-me, no entanto, na obrigação de fazê-lo, em função da demanda de informações claras sobre um país tão importante para a Florida e pela necessidade de ser esclarecido o que realmente acontecia e não o que a mídia insuflada pelo governo queria que a comunidade internacional entendesse da crise.

 

BRT- O senhor previu o que aconteceria?

CB- Na verdade, não creio que ninguém poderia ter certeza do que aconteceria. Como dissemos em vários programas, num país como o Brasil de hoje, até o passado é incerto. O ocorrido com o presidente em exercício da Câmara, Maranhão, comprova que esta era, pelo menos, a nossa realidade!

BRT- O que levou um país como o Brasil a esta situação deprimente?

CB- Você tem razão na expressão: deprimente, esta é nossa realidade nos dias atuais.

O presidente Lula, foi eleito pela esperança de um governo novo, com uma bandeira de moralidade e justiça social.

Pegou um governo em ótima situação fiscal, com as contas públicas organizadas e uma conjuntura externa extremamente favorável. Um apoio internacional fantástico por ser um operário chegando a presidência de um país como o Brasil.

Iniciou seu governo com um amplo apoio interno, mas sem base no Congresso e uma imprensa de posição indefinida.

Acostumado a negociar ao longo de toda sua vida, delegou ao seu companheiro Jose Dirceu a negociação da base parlamentar e com a imprensa.

Surgiu então o chamado “mensalão”, que dava um valor mensal de dinheiro a cada deputado que votasse com o governo.

Literalmente comprou a imprensa mais importante, seja pelo aporte de capital via bancos oficiais, seja por massiva verba publicitaria.

Adicionalmente a cada necessidade de aumento de potência das rádios ou decisões sobre as TV, o “primeiro Ministro” exigia a saída dos jornalistas ou comentaristas de posição imparcial ou contra o governo e a contratação de pessoal do PT ou posições favoráveis ao governo. Com isso passou a ter um grande apoio da mídia e os oponentes ou foram levados a grandes dificuldades financeiras ou fecharem e os jornalista oponentes ficaram sem emprego.

Passou então a indicação de pessoa de sua confiança para o judiciário, inclusive para a mais alta corte do país. Hoje, dos 11 ministros 5 foram indicados na gestão da Dilma e 3 pelo Lula. Ou seja 8 dos ministros foram indicados pelo PT.

Com isto passou a entender e disseminar que todos aliados podiam roubar ou corromper, pois ele asseguraria a impunidade.

E, assim foi na segunda parte de seu primeiro mandato e esta situação foi aprofundada no segundo mandato.

BRT- Esta corrupção prejudicou o país de forma significativo?

CB- Conseguiram, quebrar, literalmente o a Petrobras, maior empresa brasileira e deixar um passivo nas contas públicas de R$400 bilhões, ou seja mais de U$ 100 bilhões.

Este foi o motivo técnico do impeachment da presidente, pois autorizou despesas sem autorização do Congresso e fez grande pagamentos que seriam do governo, através de Bancos públicos, para esconder a situação real do governo nas vésperas das eleições para sua reeleição.

 

BRT – Como está o Brasil hoje?

CB- O Brasil ainda está em estado de choque. Temos 11 milhões de desempregados, uma inflação tangenciando 10% uma queda no PIB de 3,8% no ano passado e uma potencial queda ainda maior este ano. A indústria tem diluído sua produção em cerca de 9% ao ano, nos últimos 3 anos.

 

BRT- O vice-presidente, recém empossado residente, tem capacidade de reverter este quadro?

CB- Não sabemos ainda. Pelo menos começou bem. Quer diminuir o tamanho do Estado, demitir funcionários não necessários, mudar a idade mínima da aposentadoria, aumentar a participação privada na infraestrutura e outros pontos fundamentais para a recuperação, que não será nem fácil, nem rápida.

Foi a maior mudança ideológica do Brasil desde 1964. Saímos do risco de sermos uma Venezuela. Se voltaremos a aspirarmos ser do primeiro mundo, ainda não sabemos.

 

BRT- O PT tem condições de levar avante a promessa de “incendiar o Brasil”

CB- Condições tem, são quase um milhar de pessoas treinadas entre brasileiros, haitianos, e outros imigrantes. Mas, sem o dinheiro público que hoje os mantem, não sei se seguirão com a mesma capacidade de mobilização. Se as torneiras do dinheiro público forem fechadas, não terão folego para grandes ações. Ainda mais que não há outro pais capaz de sustentar esta fogueira.

Os bolivarianos estão com problemas internos em seus países e mais precisam de ajuda do que são capazes de a oferecerem.

 

BRT- Qual foi a consequência para a Florida desta crise brasileira?

CB – Do ponto de vista positivo, tivemos um aumento de investimentos de brasileiros no Estado e uma imigração de executivos, empreendedores e cidadãos de alta competência e qualidade.  Do ponto de vista negativo, uma queda da quantidade de turistas e dos gastos dos que vem aqui no Estado.

 

BRT- Realmente foi grande este novo fluxo de investimentos?

CB – Enorme. Nossa empresa é a maior empresa de consultoria brasileira nos EUA e posso dizer que, pelo menos, triplicou o número de investidores, desde a reeleição da Dilma para presidente.