A imprensa europeia noticia, esta quinta-feira, a greve geral em Portugal, lembrando que é a segunda desde que Portugal pediu o resgate internacional, e destacam o impacto da paralisação sobre os transportes públicos.
Nos jornais de língua inglesa, o Wall Street Journal diz que a paralisação “encerrou” os serviços de transportes públicos em todo o país e cita as declarações da CGTP, de que o país chegou ao máximo de austeridade que pode aguentar.
O jornal cita palavras de um taxista que admite que as condições atuais são “as piores que conheceu na vida” mas que também diz que os portugueses aprenderam, com a Grécia, “que as manifestações e as greves não vão mudar nada”.
A agência noticiosa Reuters refere, por seu lado, que “os trabalhadores portugueses pararam comboios, pararam portos e paralisaram a maioria dos transportes públicos” e lembram uma das palavras de ordem do dia, “ocupar as ruas, bloquear tudo“.
A agência noticiosa Reuters diz que o ” novo líder comunista da CGTP, Arménio Carlos, quer lutar contra as medidas” de austeridade mas, numa comparação face à Grécia, recorrente em toda a imprensa internacional, acrescenta que os “Portugueses, até agora, mostraram pouco interesse em imitar os protestos vistos na Grécia” e lembra que a UGT aceitou as reformas e que os trabalhadores do setor privado tem demonstrado “relutância” em participar na greve.
Por seu lado, o jornal britânico The Guardian, no blogue sobre economia e mercados, refere que “a greve geral teve um forte impacto nos transportes públicos em Lisboa” e cita notícias de que “algumas crianças foram enviadas para casa, porque os professores e pessoal auxiliar não se apresentaram ao trabalho“.
Em França, o jornal Libération titula que “Um Portugal em greve quer dizer basta à austeridade” e diz que a paralisação tocou “particularmente” os transportes das principais cidades, e chama a atenção para as manifestações previstas.
O jornal cita a confiança de Arménio Carlos, o secretário-geral da CGTP, bem como a opinião da central sindical de que a reforma do código laboral “é o regresso ao feudalismo”, mas lembra também a opinião de diversos analistas, de que a contestação em Portugal nunca teve a amplitude de outros países europeus, “a Grécia em particular”.
Já a revista Nouvel Observateur e o canal de televisão TF1 noticiam, na sua página na Internet, que a greve geral “põe Portugal a meio gás” e diz que a CGTP, o “principal sindicato, espera uma forte mobilização contra as medidas de austeridade do Governo, responsáveis, segundo eles pela recessão e do desemprego”.
Em Espanha, o jornal El País, nas páginas de economia, lembra que esta é a “segunda greve geral em quatro meses e é também a segunda greve geral convocada contra as políticas de austeridade do Governo”.
“Lisboa amanheceu sem metro, com os autocarros a funcionar a 15% e com os barcos que ligam a capital portuguesa às populações ribeirinhas próximas paralisados”, relata o jornal espanhol, referindo que “basta dar uma volta por Lisboa para ver que a greve afeta os transportes e a recolha de lixo, mas que os centros comerciais, as lojas e os cafés e restaurantes não foram afetados“.
O jornal El Mundo, que tem também na sua página na Internet um vídeo com imagens das primeiras horas da greve, começa o texto por explicar que é a reforma laboral que Lisboa aprovou recentemente a causa desta greve que, para o jornal, “está a ter efeitos negativos para a economia lusa“, ao lado das medidas que Portugal aprovou para receber o resgate.