Biden assume a presidência dos EUA com o desafio de recuperar a economia
Após tomar posse na tarde desta quarta-feira (20) , o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden , começou o mandato revendo decisões de Donald Trump , como a saída do acordo climático de Paris e medidas econômicas tomadas pelo ex-presidente em meio à pandemia. Antes de assumir, Biden prometeu liberar um pacote de ajuda econômica de US$ 700 bilhões para os estadunidenses administrarem a crise econômica.
Mas esse não deve ser o único desafio do político mais velho a assumir a cadeira presidencial nos EUA. De acordo com o especialista em economia internacional, Carlo Barbieri, o principal obstáculo do democrata é recuperar os empregos durante e após a pandemia de Covid-19 .
“Ele vai enfrentar vários desafios. Primeiro para manter o econômico necessário durante a crise. Mas o maior obstáculo que enfrentará é a geração de empregos. As empresas paralisaram com a pandemia e há uma necessidade de retomar essas vagas, principalmente na área alimentícia e entretenimento”, afirmou.
Os eleitores de Biden acreditam que o presidente possa unificar o país e cumprir promessas de campanha, como liquidar a dívida de estudantes , que representa US$ 1,7 trilhão aos cofres públicos, e manter a estatização e aumentar os investimentos do sistema de saúde do país . Barbieri lembra que o democrata foi eleito por diferentes frentes nacionais e precisará lidar com as lideranças para conseguir se comprometer com as demandas.
“Ele conseguir unificar o país e recursos para cumprir as promessas, vão demonstrar as habilidades na gestão econômica do país”, ressaltou.
Entretanto, o especialista afirma que a economia norte-americana cresceu sob o domínio de Trump, mas teve colaboração do governo anterior, de Barack Obama. Um levantamento feito pela BBC aponta que Donald Trump conseguiu atingir, em 2019, a menor taxa de desemprego em 50 anos, com 3,85%. No entanto, com a pandemia de Covid-19, os americanos sofreram com a crise econômica, aumentando o índice para 8,5% em 2020.
Embora os dados de geração de vagas do republicano tenha sido considerado satisfatório, a pesquisa afirma que Obama foi o presidente que mais abriu oportunidades de emprego.
Para o especialista, Trump mostrou a potência econômica dos Estados Unidos em acordos bilaterais.
“Os acordos internacionais foram essenciais para que o governo Trump se destacasse economicamente. Em vez de acordos multilaterais, ele conquistou acordos bilaterais, como com o Japão e a Coreia”, ressalta Barbieri
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“O Trump não é um líder por carisma e sim pelos resultados que apresentou. Não atoa ele teve os maiores índices de votos entre as minorias e latino-americanos nas eleições”, concluiu.
Acordos com a União Europeia e China
Biden também será desafiado pela diplomacia com outros países, principalmente a China , desdenhada durante do governo anterior. Para isso, o democrata deve negociar acordos com o presidente do país asiático, Xi Jinpin, e retomar a parceria entre as duas maiores economias do mundo.
A União Europeia também deve ser o foco do novo presidente dos EUA. Após a saída do país do acordo climático de Paris e as constantes pressões econômicas contra bloco, a relação entre os norte-americanos e os europeus ficou estremecida.
“A União Europeia não viu com bons olhos as pressões econômicas de Trump, principalmente relacionada a OTAM. Isso fez com que os líderes europeus evitassem acordos amistosos com s americanos. Biden entra com a missão de reaver esses acordos e com a aprovação da União Europeia”, acredita o especialista.
Relações com o Brasil
Após a vitória nas eleições dos Estados Unidos, Joe Biden prometeu organizar uma coalizão internacional para a transferência de US$ 20 bilhões para a preservação da Amazônia . A medida não agradou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) , que sempre se opôs ao democrata e defende que não há desmatamento na floresta.
Esse é um dos motivos que devem dificultar uma relação harmoniosa entre os dois países. Outra disputa, é o interesse dos Estados Unidos em diminuir as exportações de produtos agrícolas do Brasil para reduzir a concorrência com os produtores estadunidenses.
A entrada de Biden na Casa Branca também deve adiar os planos de Bolsonaro de inserir o Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) . A entrada no bloco dos países mais ricos do mundo foi uma promessa de Trump para o presidente brasileiro, que além de não ter sido concretizada, viu a Argentina ter preferência dos membros da organização.
“Como ele não é a favor de acordos bilaterais, provavelmente não haverá negociações com o Brasil e sim com o Mercosul. O país vai precisar de um acordo com a Argentina e encontrar alternativas para chegar no governo Biden e minimizar as desavenças entre os dois durante a campanha norte-americana”, afirma Carlo Barbieri.
“A dificuldade maior está em convencer a indústria brasileira de renunciar a tarifas protecionistas e entrar em uma movimentação de livre mercado. Essa deve ser uma negociação complicada entre os dois governos”, concluiu.