Essa opção tem sido cada vez mais usual para brasileiros. Há desde gente que tenha resolvido abrir uma empresa pelas dificuldades de conseguir emprego em uma nação diferente até pessoas que optara por transferir um negócio por desânimo com a crise no cenário nacional. As dificuldades envolvidas são muitas e é preciso investir em muita pesquisa e planejamento antes de apostar nisso.
Mais de 3 milhões de brasileiros vivem no exterior, dos quais quase metade mora nos Estados Unidos. Oportunidades de estudo e trabalho estão entre as maiores aspirações fora do país. Um terceiro objetivo tem se tornado mais usual para quem deixa o Brasil: empreender.
Ser dono de uma empresa envolve muitos desafios e se aventurar em lançar algo lá fora traz grau a mais de dificuldade. A falta de fluência em outro idioma, o desconhecimento da legislação do outro país, o fato de não ser familiarizado com o público consumidor de lá estão entre os obstáculos. Mas nada disso barra as possibilidades de sucesso de quem abraça essa decisão, estuda, corre atrás e, claro, faz um bom planejamento. Os números de declarações de saída definitiva do país passaram de 8.170, em 2011, a 21.236, em 2017, de acordo com a Receita Federal, o que mostra um grande aumento em relação a brasileiros que deixaram o país.
As principais razões para a saída são,
pela ordem: a violência, a instabilidade econômica e a corrupção. Esse segundo
elemento, inclusive, é muito importante para os negócios e, quando a pessoa se
muda para uma nação sem esse problema, pode ter mais possibilidades de êxito
tendo uma empresa. Os Estados Unidos e a Europa são muito visados por esse
motivo. Tanto quem tem uma empresa no Brasil e pretende levá-la ou expandi-la
lá fora quanto para quem começará algo do zero, é preciso tomar cuidados antes
de fazer as malas e se aventurar. Um requisito essencial é conseguir um visto
antes de deixar o país. O documento, emitido pela embaixada ou pelo consulado
do país, deve ser pedido com antecedência. Antes disso, porém, é importante
pesquisar sobre como são as condições de abertura de empresas no destino e se
planejar.
De acordo com Carlo Barbieri, presidente do Grupo Oxford, emconsultoria brasileira em negócios nos EUA, é fundamental entender se o produto ou serviço que você tem em mente está pronto para se internacionalizar. “É necessário saber se a sua ideia de firma está pronta para o mercado desejado. Esteja consciente de que vai para um lugar com regras, cultura e leis diferentes”, alerta. Leonardo Freitas, sócio-fundador da Hayman-Woodward, empresa de assessoria em desenvolvimento de negócios, é relevante, além de conhecer as leis tributárias e trabalhistas do país de destino, estar seguro da capacidade técnica, financeira e de infraestrutura adequada de negócio.
A legislação norte-americana não é
considerada um desafio, pois, em muitos países, são mais simples que as normas
brasileiras. Assim, as maiores barreiras se tornam a língua estrangeira, a
dificuldade de planejamento e a falta de uma base de apoio de familiares e
amigos que teria na terra natal. Jorge Botrel, especialista em expatriação e
sócio da JBJ Partners, empresa especializada em expatriação para os EUA, a
fluência no inglês ou outra língua não é tudo, mas é necessária. “Eu não diria
que é impossível ter sucesso sem essa habilidade, mas diria também que não
tê-la limita ou dificulta bastante o potencial de crescimento. Então, é preciso
estudar muito e não só para isso”, afirma.
“A maioria dos problemas enfrentados por empreendedores no exterior surge da falta de um planejamento adequado”, observa Leonardo Freitas, formando em produção musical e engenharia de som. Segundo o advogado, sócio-fundador da Loyalty Miami, consultor de negócios e especialista em direito internacional Daniel Toledo, um grande problema nesse sentido é basear-se em “achismos” e, assim, se convencer de que o empreendimento tem tudo para dar certo. “Mudam o costume, a legislação, as regras locais, o perfil do consumidor, até o clima. Então, é primordial que se busque um profissional experiente para orientá-lo”, diz.
Com o uso de plataformas digitais, Marina Tajra, 33 anos, criou, em 2013, a Nova York e você, empresa especializada em assessoria ao turista brasileiro nos Estados Unidos, que vai desde traslado entre aeroporto e hotel até VIP tours. Há quase cinco anos, a piauiense de Teresina (PI) se mudou para o exterior. O esposo foi a trabalho, e ela o acompanhou. Marina é bacharel em direito, advogou durante seis anos no Brasil e sempre teve vontade de empreender. A ideia de abrir um negócio veio do desejo de não ficar sem emprego em Nova York.
“Pesquisei algumas maneiras de continuar trabalhando. A ideia que me pareceu interessante foi mostrar a brasileiros que vêm aqui os melhores pontos turísticos, restaurantes e, principalmente, segredos pouco explorado por quem não mora aqui.” De lá para cá, a empresa atendeu mais de 2 mil brasileiros. O negócio de Marina é conduzido somente por ela e, às vezes, conta com ajuda de duas pessoas. A empresária deixa uma dica para quem deseja abrir empreendimento lá fora: “Pesquise sobre o mercado local”, aconselha.