Matéria publicada originalmente pelo Valor Economico

O cientista político brasileiro Carlo Barbieri, que tem mais de 30 anos de atuação nos Estados Unidos, apontou que as medidas que estão sendo implementadas pelo presidente daquele país, Donald Trump, na área econômica poderão favorecer ele nas eleições que irão ocorrer em novembro para um novo mandato no comando do governo federal naquele país.

Ele ressaltou que as determinações de Trump envolvem mudanças no sistema imigratório, geração de empregos antes mesmo da pandemia, pacotes de recuperação econômica após essa doença, além da preservação dos EUA como maior economia do mundo.

Com isso, mesmo não sendo muito popular, o governo de Trump empreendeu mudanças significativas em áreas que Barbieri e outros economistas consideram como urgentes naquele país. Elas envolvem imigração, emprego, mercado financeiro, protagonismo de investimentos, atração de empresas americanas que estavam fora daquela nação, além de desburocratização e diminuição de juros para empresas. Esses estão entre alguns resultados que Trump deverá usar a seu favor na reeleição, que deverá ocorrer em novembro deste ano.

Mesmo assim, o atual presidente norte-americano deve enfrentar uma atuação apontada como truculenta e de difícil tramitação política, pois o seu governo teve até mesmo que se posicionar diante de acusações de impeachment.

De acordo com esse analista político brasileiro que vive nos EUA, Trump deverá fazer com que a expansão econômica dos Estados Unidos durante sua gestão seja medida em números. O último dado trimestral de crescimento do PIB americano foi estimado em 3,2% e surpreendeu o mercado global. Mesmo no período após o início da pandemia, a articulação do governo norte-americano garantiu a confiabilidade de mercado e controlou os ânimos nas bolsas de valores.

Apenas no mês passado, em julho, o jornal “Wall Street” encerrou em alta e o índice Nasdaq atingiu uma máxima recorde de fechamento, valorizando, 0,52%, para 10.207,63 pontos. Esses são estímulos para uma rápida recuperação econômica que segue impulsionando, como o S&P 500, que ganhou 0,45%, para 3.130,01 pontos, e o Dow Jones, que subiu 0,36%, par

Frente a isso, na última quarta-feira, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, anunciou que as taxas de juros daquele país serão mantidas perto de zero e que a instituição seguirá com as linhas para garantir a liquidez em dólar até março de 2021 e manter a valorização da moeda americana no mercado interno e externo.

Barbieri argumentou que, de modo geral, o sentimento dos investidores, impulsionado pelo aumento recorde na geração líquida de postos de trabalho nos EUA em junho deste ano, são um forte sinal de que a recuperação econômica naquele país, uma medida que está em curso. A economia norte americana criou, em termos líquidos, 4,8 milhões de empregos em j deste ano, de acordo com o Departamento do Trabalho. Isso é 1,8 milhão a mais do que o esperado por analistas e foi um segundo recorde consecutivo na geração de vagas.

A taxa de desemprego nos Estados Unidos surpreendeu e recuou no mês passado, atingindo 11,1%, segundo dados do Departamento do Trabalho. Em maio, já havia caído a 13,3%, após atingir em abril o maior patamar pós-Segunda Guerra Mundial (14,7%). Em julho o desemprego caiu para 10,2%. E com isso se espera que seja reduzido para um digito brevemente.

Com isso, esse está se tornando o oitavo ano consecutivo em que os EUA estão se tornando o país mais atraente para investimentos no mundo. Essa nação está no topo da lista dos 25 países mais confiáveis para o investimento estrangeiro direto (IED), segundo indicador produzido pela consultoria norte americana A.T. Kearney, que foi divulgado em junho

Dados da Organização “Trading Economics” e do “U.S Bureau of Economic Analysis” mostraram que o investimento direto estrangeiro nos Estados Unidos aumentou em 50.582 milhões de dólares no terceiro trimestre de 2019. Aumentou também o volume de investimentos de brasileiros nos Estados Unidos. O estoque de investimentos oriundos do Brasil pulou de USS$ 9 bilhões para mais de R$ 42 bilhões em 10 anos e empresas nacionais que se arriscaram na bolsa dos EUA levantaram acima de US$ 5 bilhões desde 2017.

Mesmo diante de polêmicos, como o fato de que só tenha conseguido entregar apenas 177 dos 1.609 quilômetros do polêmico muro de separação na fronteira com o México, o presidente americano estabeleceu uma verdadeira barreira invisível que diminuiu o volume da imigração ilegal e fomentou a imigração documentada para aquele país. Durante o atual governo

“O combate à imigração indocumentada foi ostensivo, porém, por outro lado, também houve o fomento para imigração legal e documentada no país”, afirmou Barbieri. “Trump qualificou a imigração atraindo mão de obra estrangeira qualificada ao país. Além disso, a gestão também garantiu uma maior arrecadação no sistema imigratório para qualifica-lo”

Além disso, o governo norte americano celebrou, antes da pandemia, a marca histórica do menor desemprego no país em 50 anos, estimado em 3,5%. Em julho deste ano, relatório do Departamento de Trabalho dos EUA informou que a criação de vagas de trabalho fora do setor agrícola dos EUA chegou a 4,8 milhões. Esse foi o maior salto desde que o governo começou a manter registros, em 1939. Em maio haviam sido criados 2,699 milhões de postos de trabalho.

As manobras econômicas adotadas pelo presidente Trump geraram resultados concretos na vida dos americanos antes e agora, no período pós pandemia”, disse Barbieri. Segundo ele, antes, houve redução da taxa de desemprego nas comunidades afro americanas e latinas. “Agora, a rápida assistência financeira às empresas e pessoas, além de estímulos para recontratação, estão fazendo a população passar por esse momento de forma mais confortável e com mais confiança que o governo conseguirá gerenciar a crise, para além das polêmicas declarações de Trump”, alertou.