Preocupação antipática
É realmente desagradável num momento de euforia cívica manifestar a preocupação com relação às contas nacionais e os riscos que existem no horizonte.
Graças a uma mistura maravilhosa de sorte, esperteza e bom senso, este governo que está já no ocaso, conseguiu que o Brasil fosse um dos maiores sucessos econômicos nos últimos anos se compararmos com os países ricos, mesmo que com o desempenho modesto se compararmos com os países de mais eficientes como a Índia e a China.
No campo interno houve uma mistura condenável dos recursos do reino, com o do rei, que acabou dando benefícios com o dinheiro público para garantir a sua sustentação política e a adesão de forças das mais díspares desde os mais corruptos de direita, até os mais radicais de esquerda (que se corromperam).
A mídia foi agraciada com recursos nunca antes imaginados e com isto, a população ficou anestesiada, passando por sobre a realidade e com este otimismo manteve o país em crescimento.
Porém, nosso desenvolvimento, mesmo que modesto, tem sido feito graças a poupança externa que anda sem destino e farta, particularmente após a crise mundial, que fez com que os principais Bancos Centrais emitissem bilhões de dólares que estão ai disponíveis no mercado sem a remuneração desejada nas economias desenvolvidas.
O Brasil sedento de recursos é um destino natural para estes recursos, pois o governo, com sua fobia arrecadatória drena os recursos do setor produtivo para as burras federais para poder seguir com a compra de votos e consciências.
Esta farra com o dinheiro público seguirá e se fortalecerá neste ano eleitoral, para assegurar a sucessão da mesma quadrilha que implantou a nova forma de justiça no país: improbidade = a impunidade (desde que praticada por filho, afilhado ou correligionário).
Estamos formando uma estrutura, semelhante ao que o PRI criou no México, de triste memória, para o mesmo grupo siga com o timão na mão.
As questões, do ponto de vista econômico, são: até quando o setor privado agüenta este crescimento da carga tributária? Até quando o serviço da dívida interna será suportável? Até quando esta abundancia de recursos do exterior seguirão sendo canalizados para o Brasil?
Aí começam as preocupações antipáticas. No próximo ano será reiniciado um processo de crescimento econômico em algumas das nações desenvolvidas, o que exigirá o retorno dos recursos para seus países.
Do ponto de vista interno teremos a necessidade de recursos, e não temos criado mecanismos de aumento da poupança privada. Os cofres públicos poderão estar vazios, pois toda a arrecadação é destinada a gastos e o pior, a gastos permanentes em concessões que não são passiveis de serem paralisadas após serem concedidas. Ninguém vai abrir mão de um direito adquirido, por mais exagerado e injusto que seja.
Como esta potencial crise só vai atingir o novo residente do Palácio do Planalto, para o atual ocupante, quanto pior for para seu substituto, melhor será para ele, pois estará marcando mais um ponto para a volta pessoal ao poder, ou pelo menos para sua fantasia de ter sido o melhor presidente do país e um líder equivalente a Cristo.
Porém as contas terão que ser pagas um dia, e o pior, estarão comprometendo o futuro de muitas gerações.
A falácia do pré-sal já rodou o mundo e nas declarações recentes se confirma em público, o que todos sabiam, mas o inimputável negava: os recursos do pré-sal somente irrigarão os cofres públicos depois de 2016, se tudo caminhar como se espera.
Uma aposta de longo prazo para necessidades de curto prazo.
Mas, em 2016 estaremos com o chefe da quadrilha de volta para novamente aplicar outro estelionato eleitoral, se resistirmos a mais este desmando de governo.
O anterior passou 10 anos tirando os esqueletos do armário e saneando a economia. Este passou 8 recolocando novos esqueletos no armário de corroendo a economia, o direito e a justiça.
Mesmo antipática, a preocupação é válida
Carlo Barbieri é gestor do São Paulo Business Center, presidente do Brazilien Business Bureau e presidente da Oxford Group.
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