Reforma Constitucional

Temos visto que alguns dos governos populistas que se estabeleceram pela America Latina tem feito um grande esforço de permanência no poder, fazendo reformas através de plebiscitos nem sempre realizados de forma legal, mas obtendo a confirmação de sua vontade através do voto popular.

Muitos se perguntam por que no Brasil esta mudança, apesar de inúmeras tentativas de aliados do atual mandatário, não foi feita.

Creio que estas pessoas não se deram conta da inegável astúcia do primeiro mandatário que realizou, de fato, uma profunda reforma constitucional sem derramamento de sangue, nem suar a camisa.

Pelo que vemos, foi feita a reforma num simples ato de quatro parágrafos:

1-      Fica implantada a Lei de Gerson, em todo o território nacional, desde que praticada por amigos e correligionários do primeiro mandatário;

2-      Esta lei será valida para os membros dos poderes três poderes;

3-      Em conseqüência, a nenhuma delito, praticas lesivas ao interesse público, atitudes fora da ética ETC. (em Maiúscula pela sua abrangência) considerados nas leis ordinárias existentes, poderá implicar na  condenação dos mencionados no parágrafo primeiro

4-      Revogam-se todas as disposições em contrário

Com esta simples, mas profunda reforma, vimos o poder do primeiro mandatário ser ampliado de forma sem precedente, em nenhum país ou regime que já se teve conhecimento na história da humanidade.

Com fartas e infindáveis verbas oficiais, boa parte dos veículos de comunicação, vieram a aderir ao novo titular da esplanada dos ministérios omitindo críticas, evitando cobranças pelas inverdades ditas e deixando passar os permanentes atropelos a ética e bons costumes.

Na prática, a oposição foi extinta, por incompetência, inanição, falta de um projeto nacional  ou  falta de um passado que lhe desse base para opor-se a esta nova realidade.

Às elites, quando colocada diante da famosa opção: ou se restaura a moralidade ou locupletemo-nos todos optaram claramente e rapidamente pela segunda hipótese.

O menos favorecidos, ao ser dada a opção, ganho sem trabalho ou emprego, também rapidamente sufragaram a primeira hipótese confirmando a reeleição do primeiro mandatário.

Hoje, no alto de 80% de apoio popular se iguala ao moreno de olhos azuis e bigodinho que empolgou a Alemanha há algumas décadas atrás, mais uma vez provando que se a maioria fosse sempre expressão da verdade e da justiça, teriam soltado Cristo e não o sanguinário  Barrabás.

A certeza da impunidade trás como conseqüência imediata o aumento da criminalidade e a desmoralização das leis e bons costumes.

Também trás o temor de seguir tentando punir aos bandidos, sejam eles de grandes bigodes ou não, pois sabem que a pesado tacape do todo poderoso chefe do executivo cairá sobre sua cabeça e a Policia Política agirá para  grampear seus telefones, destruir sua reputação e apreender seus bens.

As tetas da viúva nunca foram tão fartas e generosas na distribuição de benesses aos aliados e tão seca para os não aliados.

Os cofres das empresas públicas nunca estiveram tão abertos aos amigos do rei, independente de que causa defendam ou que livros queiram restaurar, desde que se aliem, incondicionalmente ao primeiro mandatário. Nem na monarquia francesa se confundiu tanto os bens do rei com os bens do reino.

Nem na Venezuela chavista a PDVESA faz coisas piores com os bens da empresa como a nossa monopolista do petróleo. O pior é que quando se quer investigar esta malversação os investigadores são chamados de antibrasileiros, como ocorre nas piores ditaduras ainda hoje existentes.

As organizações não governamentais, passaram a ser subsidiárias do governo no repasses de verbas de origem clara (governo) para destinos duvidosos.

As entidades civis, como sindicatos, organizações estudantis, de um passado de glória nas suas lutas contra as ditaduras e malversações de dinheiro público, tiraram a pintura de guerra de suas faces para implantar uma nova fase de subserviência e defesa intransigente da improbidade pública, tendo esta decisão baseada nas torrentes de dinheiro público que entram de forma avassaladora em seus cofres.

Se a recuperação das finanças da máquina da administração pública demandará esforço heróico de alguns governos a restauração da moralidade implicará em trabalho de gerações.


Fonte: Banco Hoje

Carlo Barbieri é gestor do São Paulo Business Center, presidente do Brazilien Business Bureau e presidente da Oxford Group.

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