SONHO OU PESADELO AMERICANO?
Artigo publicado – FaceBrasil Magazine em Julho 2016
Por Carlo Barbieri
Ao desembarcara nos Estados Unidos, estrangeiros – sobretudo brasileiros – trazem consigo uma série de ambições, entre elas o chamado “sonho americano“: morar em um lugar seguro, onde as leis valem, a ordem existe, a moralidade impera, os preços são justos, os serviços contratados são bem executados e no prazo acertado.
Recém-chegados têm de tomar decisões importantes e seguras para não perderem de vista suas ambições e anseios.
Em poucas semanas, pode-se constatar que, realmente, o transito flui, as casas podem ficar abertas, e objetos pessoais, expostos.
Ainda que esse cenário idílico seja regra, há que se considerar as exceções e os riscos.
A segurança, por exemplo, não é reflexo de uma população idônea, mas de justiça firme, pela qual os erros são punidos de forma exemplar.
Talvez por isso os EUA tenham a maior população carcerária do mundo: mais de 2 milhões de pessoas estão atrás das grades. Contrapondo a isso, temos o politicamente correto, que, por vezes, inibe a ação policial – mas nada como no Brasil, claro, onde o policial é sempre culpado e o bandido sempre a vítima.
Morar nos EUA implica em ter um visto que autorize essa permanência. Esconder-se atrás de um visto de escudante pode ser uma alternativa inicial, mas não definitiva. Os EUA têm 63 tipos diferentes de visto, que com seus derivados, dão mais de 170 alternativas. Seguramente há mais de uma que possa lhe dar a residencia desejada.
Cortar caminho ou se aconselhar com pessoas que não tenham o conhecimento real e amplo pode ser uma atalho para um verdadeiro pesadelo americano.
Comprar ou alugar um imóvel é uma maravilha: tudo está listado e não tem “galinha morta“no mercado. Não vale comprar com os preços do Brasil, tem que ser com os locais.
Agora, investir em lançamentos por conta de um artista ou uma promessa pode ser arriscado; precisa saber se o imóvel será entregue de acordo com as propostas e padrão de qualidade.
Abrir uma empresa pode ser a coisa mais simples do mundo – em 24 horas está aberta, e em 30 dias tem o número fiscal. Qualquer pessoa, de qualquer país, pode abrir empresa no EUA, não precisa de um sócio americano ou pessoa residente.
O importante é saber a melhor estrutura legal, para efeitos fiscais, e fazer um acordo correto e preventivo de acionistas. Um acordo de acionista mal feito não adequado aos sócios pode se tornar, de novo, um pesadelo.
Abrir seu negócio nos EUA é uma grande oportunidade, mesmo sendo o país do “cotovelo” – aquele que, na falta de espaço vazio, retira algo ou alguém de uma determinada área para “liberar“espaço. Com um PIB de 18 trilhões, e em uma cidade como Orlando, com cerca de 70 milhões de turistas por ano, sempre há algum nicho a se explorar. Mas acreditar que o conhecimento que se adquiriu no Brasil é suficiente para dispensar uma boa pesquisa de mercado e um plano de negócios é uma doce ilusão – ou, no casa, um pesadelo bem amargo.
Por fim, temos os amigos e conselheiros: ganha-se muito tempo aprendendo com quem já sabe e conhece um determinado negócio, o pais e a cidade. É imprescindível, porém, saber diferenciar “dicas”e “opiniões” de pessoas que se oferecem para ajudar – tenham elas boas ou más intenção.
Não importa como, onde e por quê, ao chegar as Estados Unidos, lembre-se de que a distancia entre o sonho e o pesadelo americano é menor do que se pensa- e cabe a cada um escolher a direção a seguir.